sábado, 14 de novembro de 2009

O Veterinário

Caros colegas.

Noite passada, sexta-feira, quando assistia na TV ao jogo em que o Vasco se sagraria campeão da série B, tive a atenção desviada para os sons de um atropelamento; barulho de freada brusca seguido de um baque surdo. Um cão fora atingido por veículo que continuou sua marcha após o acidente, deixando o animal jogado debaixo de carro estacionado junto ao meio fio, mas com a cabeça perigosamente à mercê do trânsito intenso. Ele sangrava, aparentando impossibilidade de mover-se com desenvoltura. Era grande, preto e diria até que tinha ares de ferocidade. Mas seus olhos tristes pediam socorro parecendo entender que as pessoas comuns são piedosas. Entendi a súplica.
Enquanto meu filho desviava o trânsito com auxílio de um triângulo sinalizador, corri ao telefone para tentar alguma coisa. Com ajuda do Google, no computador, e o telefone do lado, fiz chamadas seguidas para 8 veterinárias da Cidade. Umas próximas, outras nem tanto. Isto depois de ligar para o dono da clínica que cuida dos meus animais, mas que não pôde atender – estava longe e não sabia quem indicar. Das veterinárias contatadas duas não atenderam, os números haviam mudado; 5 deram desculpas (as mais inaceitáveis possíveis), sendo que a todas historiei o caso pedindo atendimento domiciliar de urgência com a informação de que arcaria com as despesas, me identificando, etc. e tal. Apenas uma, no meu bairro, bem próxima, se prontificou a prestar o socorro mandando equipe motorizada. Foi-me dado um prazo de 20 minutos, isto depois de conseguir com o atendente o celular da veterinária que passou as ordens para a clínica e, também, depois de responder às muitas perguntas de praxe: situação do cão, localização, meus dados, forma de pagamento, etc.
Menos ansioso, mas preocupado porque minha mulher chorava, fui fazer companhia ao meu filho que, ao lado da namorada, velava pelo sofrimento do bicho, sob os olhares indiferentes dos freqüentadores da cantina do outro lado da rua. Não todos, porque um veio se solidarizar e colocou seu carro em posição que ajudava à defesa, juntamente com o triângulo. Ele também tem animais domésticos, informou.
55 minutos depois voltei a perguntar pelo atendimento prometido e do outro lado da linha veio a informação:
- O motorista foi chamado mais ainda não chegou, não dá para trazer o animal para ser atendido na Clínica?
- Agora não dá mais amigo, o cão morreu!
A esta altura o Vasco já era campeão e não tínhamos visto um bom espetáculo, o que nos teria dado alegria.
E a tristeza tomou conta do resto da nossa noite.
Agora, pergunto: para que o médico veterinário faz o Juramento de Hipócrates?
Será que é daí que nasce a hipocrisia?

Marcos Cordeiro de Andrade – Curitiba (PR). 14/11/2009.

3 comentários:

Anônimo disse...

Marcos,

Nós - os seres humanos - do alto de nossa soberba pensamos que sabemos de tudo, que tudo podemos resolver, que sentimentos demonstrados por nós nenhuma outra espécie pode demonstrar e por aí vai todo o vocabulário enganador e que veda a possibilidade de que possamos, efetivamente, evoluir nas jornadas que pedimos para ter neste nosso planeta. Talvez muitos não saibam mas os animais tem sentimentos, podem ter muitas limitações em relação às capacidades físicas e até de desenvolvimento mental dos humanos. Mas volto a frisar possuem sentimentos. Você e sua família tentaram e isto o olhar triste do cão entendeu. Creia que a dor do cão foi amenizada e ele lhe é grato. Às vezes penso que nós (humanidade) já chegamos no fundo do poço mas sempre acontece algo para me provar que não. Desculpem-me a franqueza mas os momentoss em que vejo os demais seres vivos da Terra sendo superiores ao ser humano são cada vez maiores.

Anônimo disse...

Sr. Marcos,ao me mudar para São José dos Pinhais com pouco tempo um dos meus cães pegou cinomose. Não sabia que a região daqui sofria dessa epidemia por ocasião do inverno. O atendimento das clínicas veterinárias da região de Curitiba são péssimas. Só se interessam no lucro e algumas tem péssimos profissionais. Busquei diversas clínicas todas sem sucesso. Até os exames de laboratórios feito no animal eram fajutos, porque não diagnosticavam a sorologia para cinomose. O tempo foi passando e a doença se agravou. Fiquei indignado com um atendimento de um veterinário da cidade que me propôs sacrificar o cão. Não aceitei e cuidei dele até que ele morrese pelas vias naturais. Deu-me muito trabalho cuidar dele, mas fiquei com a consciência tranquila.
Após uma semana da morte do meu cão abandonaram na minha porta um outro cão (mestiço de labrador com vira lata) com a mesma doença. Foi aí que descobri o hospital veterinário da PUC - São José. O atendimento foi espetacular e super eficaz. Com menos de 15 dias o animal estava completamente curado. Acabei adotando esse animal. O amor que ele sente por mim é inacreditável. É como se sentisse eternamente grato por tê-lo acolhido na hora mais difícil de sua vida.
Portanto, se alguém precisar de uma clínica vetinária de qualidade recomendo a da PUC - PR na br 376, saída para Santa Catarina. Lá eles não atendem somente pelo dinheiro. Tem respeito pelos animais.

Anônimo disse...

" Quanto mais eu conheço o ser humano, mais eu admiro os animais"
Infelizmente existem seres humanos que ainda não entenderam que os animais, assim como nós, sentem: dor, fome, sede, frio, tristeza, solidão, angustia, etc.
Eu tenho 10 cão e minha esposa já pegou e tratou ( castrou, vacinou, alimentou ), outros não sei quantos e arrumou um lar para eles.Portanto eu entendo sua dore e de sua esposa com este episódio.
Parabens, pela atitude.
Cláudio Pavan