Prezados Colegas.
A Instituição Banco do Brasil deveria ser tombada como patrimônio histórico pela sua contribuição à formação da República.
Como primeiro banco da nação, fundado ainda no Império, constituiu-se num pilar de sustentação da sociedade brasileira. Isto porque várias das entidades sociais hoje existentes tiveram início com o seu surgimento, e se firmaram como símbolos de eficiência e honestidade em função do apoio dado pelo contingente humano que foi formado no seio do Banco.
São muitos os ramos da atividade em que foi o primeiro como instituidor. Mas seus funcionários tiveram sempre o maior peso na formação do seu patrimônio cultural e funcional e os aposentados, hoje tidos como saudosistas, têm muito a lamentar pelo estágio a que chegou a Casa, sem vestígios do que ela foi depois de cumpridas etapas “saneadoras” impostas por governos e desgovernos sobrepostos.
Somente porque entenderam eles que o Banco teria que passar por uma limpeza, apagando seu passado para dar lugar à voraz competitividade do mundo econômico atual.
O paciente trabalho de destruição com a transformação do banco em concorrente à rede em que se insere foi paulatinamente instituído, pois o modelo existente se lhe afigurou empecilho ao gradual avanço do rolo compressor que impulsiona o progresso.
Amparado na condição de Banco público concorrendo deslealmente com a rede privada, o Banco do Brasil tornou-se objeto de desejo de governantes ávidos por confrontar essa mesma rede, de olho grande nos seus lucros fabulosos.
Esquecendo sua condição de instrumento fomentador do nivelamento social, empregando com isto suas receitas a serviço do tesouro, enveredou pelo torto caminho da consecução de resultados positivos a qualquer custo. E começou por pulverizar sua atuação pelo Brasil afora numa corrida desenfreada para apossar-se de pontos de venda dos seus produtos, atropelando os seus rivais.
Mesmo como detentor dos depósitos governamentais, guardando para si as contas do tesouro em todas as arrecadações tributárias federais e com as verbas destinadas aos estados e municípios, obrigatoriamente sob sua tutela, teve baldada sua investida porque ainda assim a meta não foi cumprida – por incompetência das autoridades manipuladoras do dinheiro público.
Voltou-se então para o contingente humano à sua disposição. Achando que aí estava o freio a impedir seu avanço, decidiu que era esse agrupamento de pessoas que frustrava sua escalada em direção ao topo do monte de lucros da rede bancária. Mais uma vez resolveu atacar assestando suas baterias em direção à vulnerável massa humana que lhe prestava serviços. Foi quando decidiu aniquilar o tradicionalismo funcional implantando avassaladora política destrutiva. Criou fórmulas e formas de enxugar a “máquina improdutiva e cara” comprometida com as raízes do estabelecimento. Inventou planos mirabolantes para consumar demissões por atacado visando trocar antigos servidores por outros mais baratos e descartáveis. Foram PDVs, PPAs, PAI-50 e terrorismo. Muito terrorismo amedrontador para forçar os fragilizados e acuados servidores a aderir aos seus planos. Contabilizou mais de 50.000 funcionários atingidos e excluídos em pouco tempo. Demitidos sumariamente. Uma massa de falidos e desorientados pais de família que até hoje vaga como uma hoste desarvorada, como se fora a sobra de um expurgo ecológico ou de um genocídio avassalador vergonhosamente consumado por um cataclismo oficial. No que se criou um foco de miséria social comportando falência pessoal, distúrbios psicológicos, desagregação familiar e até suicídios entre atingidos dessa população. Nada ou quase nada lhes foi destinado como paga por seus direitos fundamentalmente garantidos na Constituição Federal. Dois governos antagônicos se uniram para perpetuar o mal feito: o neoliberal instituidor da exceção aniquiladora e este que está presente, tido como bom moço protetor dos fracos e oprimidos. Dois pulhas é o que são. E as associações da classe nada fizeram para corrigir esses abusos. ANABB, AAFBB, AFABBs, ficaram encolhidas, mesmo com tanta terminologia destinada à defesa dos funcionários do Banco do Brasil – ativos e inativos. E os sindicatos, por que se omitiram? É a velha história. Contra minorias, tudo; contra o Banco do Brasil nada, que ninguém é besta!
Funcionários graduados e experientes que traziam nas costas 200 anos de tradições acumuladas foram vítimas desse vilipêndio. Até fraudes cometidas no aconchego da noite foram perpetradas nos bastidores do Diário Oficial, para carimbar com rasuras convenientes ao entendimento dos carrascos modificações comprovadas como verdadeiras falcatruas governamentais.
Conhecimentos trazidos de estudos anteriores à posse e somados aos cursos de aperfeiçoamento freqüentados, baseados na formação que lhes permitiu aprovação em concurso rígido e excludente onde só entravam os melhores foram esquecidos e descartados. Pois até nisso o Banco encontrou sua fórmula própria de agir com a introdução do concurso de letrinhas para abrir as portas do emprego em substituição aos que jogou na lata do lixo porque eram caros, embora valessem o seu preço. Se antes havia seleção rígida, verdadeiro vestibular, a superficial avaliação por múltipla escolha surgiu – sem atentar para a essência dos conhecimentos necessários à formação de um bom bancário. Permitiu-se assim a introdução de jovens bem intencionados, mas despreparados para a função e desinteressados pelo futuro do emprego por falta de um passado a preservar. Pouco ligando para o Banco de hoje, trampolim para emprego mais atrativo, pois o patrimônio cultural da Instituição foi posto fora com as aposentadorias e demissões dos antigos – simplesmente excluídos. Deu no que deu. Uma Instituição volumosa, maior que todas, mas fruto de inchaço indevido, por isso detentora de uma estrutura fraca que corre em direção ao nada.
A pedra basilar de sustentação foi corroída e seu funcionamento é hoje tido como dos piores do seu meio. O atendimento é péssimo e o descontentamento entre seus funcionários é generalizado em virtude dos salários aviltantes – os menores da classe – reconhecido até pelos sindicatos que dão sustentabilidade popular ao Banco do Brasil.
Ainda assim, e não satisfeito, escancarou as portas das AABBs e da Cassi para apagar de vez a memória dos bons tempos, transformando-as em reduto “comunitário”, visando acabar com as reuniões da “família” em seu ambiente particular e obrigar o pagamento de despesas médicas antes inexistentes. Mas isso é outra história.
Também não parou por aí.
Partidos políticos sem escrúpulos, com dirigentes da mesma cepa assenhorearam-se das dependências da Casa como donos absolutos a ditar normas e cobrar cumprimento. A Instituição que antes era dirigida com base na competência dos escolhidos, passou a ser dominada pelo peleguismo a serviço de partidos de posicionamento dúbio – posando de benfeitores do povo, mas acobertando falcatruas e acumulando poderes à custa do próprio povo, numa política populista sem comprometimento com os necessitados e desvalidos do poder público.
Nas comemorações dos 200 anos o BB não escondeu sua predileção pelo materialismo em detrimento da tradição. Fez questão de mostrar ao mundo que o passado só deve ser lembrado se trouxer frutos para o presente. Premiou todos os seus funcionários da ativa com mimos sonantes, dinheiro vivo, e aos aposentados mandou uma cartinha singela, sem cor nem respeito, agradecendo sua colaboração no passado como por obrigação. Aos atuais funcionários que receberam pronto esse patrimônio secular das mãos dos antigos ele, Banco, doou dinheiro sem destinar um centavo sequer aos aposentados que não foram recompensados como fabricantes dessa glória bicentenária. Esquecendo propositalmente que entre esses aposentados alguns já contavam metade do tempo de vida da Instituição. E o servidor atual, sem nenhuma culpa, não sabe seu papel no contexto por desconhecer o passado, aceitando o presente como lhe é imposto a troco de míseros salários, com enorme carga de trabalho e responsabilidade. E assim vai tocando o Banco, essa máquina de fazer dinheiro não importando a que custo, pois pouco se lhe dá que o passado seja enterrado porque o governo a que ele serve cegamente precisa de suas cifras.
A sanha do crescimento foi alimentada com a absorção de competidores de menor porte e mesmo sem dinheiro para embasar essas compras soube fabricar meios. Com a ajuda do poder central conseguiu que normas e regulamentos fossem criados para beneficiá-lo. Foram várias resoluções seguidas de leis e até criação de autarquia para trabalhar em seu favor para validar um feito tido como impossível. Como um poderoso cupim daninho conseguiu penetrar na sólida madeira de lei do fundo de pensões do funcionalismo, e de lá tirar o dinheiro que lhe falta para prosseguir nas suas compras. Tudo fazendo para protelar a discussão da distribuição do bilionário Superávit do fundo imposta por lei, chegando ao cúmulo da bizarrice ao declarar que somente a Contraf-Cut tem representatividade para tratar dessa partilha com o Banco em nome dos aposentados e pensionistas. Quando é sabido que essa entidade não tem ingerência nos assuntos dessa classe, até por força dos seus estatutos: “Art. 5º. São representados pela CONTRAF todas as Federações e Sindicatos que a ela se filiem...” E por que não aceitar Associações de aposentados e pensionistas reconhecidas legalmente? Simplesmente porque nem todas servem ao mesmo senhor – o governo populista.
Banco após Banco, Caixa após Caixa, aqui e lá fora o BB foi estendendo seu raio de ação na corrida em direção ao nada. Isto porque, sem a sustentação do quadro funcional seu fim é inevitável, pois só conta com a fidelidade da máquina a serviço da informática. No entanto, até essa máquina é operada por pessoas, funcionários mal pagos que mais dia menos dia abandonarão o barco que naufraga para ocupar escaleres robustos e acolhedores, se prosperar essa política de aniquilamento do passado.
Será a vingança da memória conspurcada. O desprezo do passado que não quer ser enterrado. Mas isso precisa mudar. E pode mudar, pois ainda é tempo uma vez que sabemos por onde começar.
Há cerca de 24 anos, quando o Banco ainda era um patrão sério e honesto, surgiu uma associação portando a sigla BB em cujo estatuto está estampado, como motivação primordial:
“Art. 2° São finalidades da ANABB:
I - zelar pela integridade do Banco do Brasil...”
Quem duvidar consulte o rol de ações judiciais patrocinadas por ela. Não há uma única contra o Banco ou contra as entidades por ele patrocinadas: Previ, Cassi, AABBs, etc.
E foi assim que tudo começou. Valendo-se dos votos dos seus associados (103.000 hoje) a ANABB passou a apoiar o Banco em todas as suas investidas contra o funcionalismo e seu honroso passado, mantendo-se omissa em questões do gênero.
Recentemente o presidente dessa entidade, senhor Valmir Camilo, declarou com todas as letras: “precisamos dominar a Cassi e a Previ a qualquer custo...”
Um mês atrás conseguiu eleger sua chapa para dominar a CASSI, com o uso da máquina publicitária ao seu dispor. Os associados eleitores foram envolvidos pela propaganda enganosa e convencidos a votar em seus indicados.
O mesmo tenta agora com relação a PREVI, nas eleições que se iniciam no dia 17 de maio.
Há, portanto, a necessidade premente de proceder às mudanças com o afastamento da ANABB e seus aliados do caminho dos participantes e assistidos da PREVI, começando pela sua direção dentro do que está ao nosso alcance. Tudo pela defesa da tradição e, principalmente, conservação do patrimônio para distribuição justa entre seus legítimos beneficiários, banindo definitivamente o risco de saques indevidos e entrega de parte desse dinheiro a alguns privilegiados como ocorreu com a Renda Certa, ou de reparti-lo com grupos desenquadrados nos estatutos.
Essa é a responsabilidade que repousa pesadamente sobre os ombros dos 121.000 participantes do Previ Plano 1 – ativos e inativos. A eles está entregue o dever de resgatar a memória do funcionalismo do Banco do Brasil, tomando para si a tarefa de manter vivo o passado honroso através do voto, expulsando de vez os moradores perpétuos dos corredores dos andares mais altos - começando pela eleição no nosso fundo de pensão.
Esses 121.000 votos suplantam qualquer conjunto que se forme. Basta o voto de cada um para afastar o perigo e fazer renascer as esperanças de paz e justiça entre os associados da PREVI. O primeiro passo no caminho da mudança é não votar avalizando o continuísmo. Em seguida imprimir severa vigilância nos que entrarem para evitar decisões errôneas. Estas, em acontecendo, deverão ser alvo de impugnação pelas vias possíveis, inclusive a judicial.
Nesta eleição puseram uma armadilha em nossas mãos com opções extremas. Se os votos válidos forem suplantados haverá nova eleição, com as mesmas chapas, e a máquina publicitária da situação atacará com todas as forças. Mas se conseguirmos banir do poder o grupo da ANABB, seremos capazes de tirar qualquer outro que não nos sirva.
Se apenas o conjunto dos 121.000 participantes do PB1, aposentados, pensionistas e ativos, são suficientes para derrotar a chapa da ANABB, é bom saber que contamos com os demais insatisfeitos que irão votar. Depois, vencida esta etapa, nas próximas eleições teremos chapas limpas disputando, sem conchavos nem suspeitas alianças. E com a ajuda de Deus os nossos candidatos estarão nelas.
Portanto, em defesa do passado dos aposentados e pensionistas da Previ e do patrimônio que construímos e que nos pertence, tomemos a decisão. Com um olho na missa e o outro no padre...
Eu voto na chapa 1 - Nova Previ.
Marcos Cordeiro de Andrade – Curitiba (PR) – 13/05/2010.