Marcos Cordeiro de
Andrade
Caros Colegas,
É irritantemente anormal o
mutismo do nosso Fundo no relacionamento com participantes e assistidos. Em que
pese alardear transparência envolvendo atos e atitudes na sua gestão, isso
somente atua como visível incoerência levando ao absurdo entendimento de
tratar-se de deslavada mentira.
Os canais de que dispomos para lá
chegar não são confiáveis pela barreira imposta a evitar comunicação humanizada.
Diferentemente do que se espera do vínculo entre parceiros dependentes entre
si, em que a PREVI funciona como organização sem fins econômicos e os
participantes e assistidos como seus sócios dependentes, o que se tem é uma
empresa direcionada à obtenção de lucro especulativo que somente dá satisfações
aos seus mantenedores através das frias letras grafadas nos balanços, no site e
na revista, pois estes são os únicos caminhos disponibilizados publicamente.
Nesse sentido, mesmo o fale conosco via 0800 é impessoal e distante no
tratamento dado, com retorno de instruídos e educados atendentes com respostas
prontas e de cunho vago, fazendo às vezes de “carimbos” que nunca dizem a
verdade que se quer ouvir. De ressaltar que não há linhas diretas para se
chegar aos dirigentes, como ocorre em empresas onde efetivamente há transparência
em sua condução. Também, os e-mails enviados retornam, de imediato, com a
batida frase: “seu questionamento foi encaminhado ao setor competente”. Depois
vem a resposta inesperada que normalmente não diz coisa com coisa, deixando o
interlocutor na mesma ignorância de antes.
O site, que deveria servir de
vitrine para mostrar os elementares produtos à disposição do seu público de
participantes e assistidos, é um elitista expositor da grandeza de números e
comportamentos direcionados à comunidade financeira, onde atua de modo
condenável e arriscado como conglomerado empresarial altamente especulador. Embora
se saiba que é daí que vêm recursos para pagamento dos benefícios por que
responde, o fato nos mete medo nos resultados por viver ao sabor do vai e vem
da bolsa de valores - quando a prudência pede racional aplicação em ações.
A revista, de produção esmerada e
cara desnecessariamente, igualmente se prende à reportagens cujos assuntos
somente servem para mascarar realidades, distanciando o cerne daquilo que
realmente nos interessa e queremos saber. Também nela não encontramos o que
contemple nossos anseios porque de tudo cuida superficialmente sem explicações
necessárias, notadamente do que ocorre
nas elementares coisas que afetam o nosso dia a dia, tais como: realinhamento
do ES – como, quando e se ocorrerá; providências e/ou estudos em andamento para
reduzir taxas de juros e prestações na CARIM; correção das datas e dos índices
de reajuste dos benefícios; portabilidade bancária; postura adotada diante da
ameaça da retirada de patrocínio; blindagem instituída para evitar saques
indiretos por conta do patrocinador; como corrigir o absurdo da vigência das
faixas etárias aplicadas na CAPEC; por que não adota postura defensável em
relação aos normativos criados pelo Governo em nosso prejuízo: possibilidades
de não recorrer de sentenças favoráveis aos associados prejudicados; o que se
esperar do BET – qual seu certificado de validade. E tudo o mais que não nos é
dado conhecer através dos balanços e de “carimbos” impostos por vozes robotizadas
e e-mails sem conteúdo elucidativo. Mas, paciência, recorrer a quem?
De se estranhar sobremaneira o
fato de que, sendo a PREVI reconhecidamente gerida por sindicalistas,
esperava-se que estes mantivessem o discurso de lutar pela defesa dos fracos e
oprimidos e, mesmo assim, não ficassem somente nisso, mas mostrassem a costumeira
arrogância para vir proclamar feitos em nosso benefício.
No entanto, não é o que se tem.
Basta lembrar que a atual diretoria assumiu há cerca de dois meses e até agora
não disse a que veio. Sem ter a hombridade de nos dirigir um único e singelo
comunicado, a despeito de ser enorme a lista de promessas estampadas nos
boletins da campanha que lhes deu os votos para tomar conta da nossa Caixa de
Previdência.
Ademais, positivamente não são comportamentos
assim que justificam a grandiosidade da PREVI. Por isso espero que o Presidente
Dan Conrado, que se ufana ter iniciado a carreira como “menor”, comprove saber
que os oriundos dos quadros do BB merecem ter atendimento digno, em função dos
anos trabalhados para o engrandecimento da Instituição e do País, pois das
providências do primeiro gestor depende a transparência do que ocorre sob seu
comando.
Pior de tudo isto é que a
sociedade ainda nos tem e nos trata como os “marajás” maquiavelicamente nominados
pelo presidente Collor. Todavia, acresce informar que os assistidos em sua
maioria atualmente habitam o submundo do endividamento e da inadimplência, num
cruciante atentado à velhice desamparada por conta da insensibilidade e
mesquinhez do Patrocinador, que manda e desmanda como se fora dono da nossa
Caixa contando com a inaceitável submissão dos dirigentes conduzidos pelo voto
e pelas mãos do Governo.
Nestas circunstâncias, atingido
pelos sentimentos de impotência e revolta lanço o desafio à PREVI e aos seus
pretensos donos.
Se não nos tratam como gente, se têm
nas mãos o extraordinário patrimônio da ordem de 150 bilhões de reais aportado
e criado por nós, se não nos proporcionam benefícios condizentes com as
necessidades prementes que nos afligem, ao menos digam por que agem assim – em
respeito à dignidade dos 120.000 participantes e assistidos do Plano de
Benefícios número Um do maior Fundo de Pensão deste pedaço do mundo.
Marcos
Cordeiro de Andrade, matrícula 6.808.340-8, é associado da PREVI há mais de 50
anos - desde 15/05/62.
Curitiba (PR), 28 de julho de
2012 – www.previplano1.com.br