Cuidado com remédios!

Caros Colegas,

Esta é uma colaboração do Colega aposentado Norton Seng:

"Coitados dos titios Tonicos por este mundo afora... Mas os médicos, os hospitais, as clínicas e a trilionária indústria farmacêutica e seus agregados agradecem felizes e continuarão ainda mais felizes com os milhões de titios Tonicos que continuarão a engrossar essa macabra fila..."

Norton Seng

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Meu tio Tonico (História real)

Para meus amigos - em especial aos aposentados, pensionistas ou apenas em posição de descanso.

Leiam com atenção, meditem e apliquem se acharem conveniente.

Meu tio Tonico estava bem de saúde até que sua esposa, minha tia Marocas, a pedido de sua filha, minha prima Totinha, disse:

-Tonico, você vai fazer 70 anos, está na hora de fazer um check-up com o médico.

- Para quê, mulher, estou me sentindo muito bem!

-Porque a prevenção deve ser feita agora, quando você ainda se sente bem, disse a minha tia.

Então meu tio Tonico foi ver um médico. O médico, "sabiamente", mandou-o fazer testes e análises de tudo o que poderia ser feito e que o plano de saúde cobrisse. Até exame retal.

Duas semanas mais tarde, o médico disse que os resultados estavam bons, mas tinha algumas coisas que podiam melhorar, inclusive a apnéia e o ronco que meu tio Tonico desconhia ser portador.

Então, receitou: Comprimidos Atorvastatina para o colesterol Losartan para o coração e hipertensão,

Metformina para evitar diabetes, Polivitaminas para aumentar as defesas. Norvastatina para a pressão,

Desloratadina em alergia. E um novíssimo aparelho bucal para dormir com ele e assim combater o ronco e a apneia... o que, segundo o médico, o faria dormir melhor e iria viver mais...

Enfim, como eram muitos medicamentos ele tinha que proteger o estômago. Assim, o médico indicou Omeprazol e um diurético para os inchaços.

Meu tio Tonico foi à farmácia e gastou boa parte da sua aposentadoria em várias caixas requintadas de cores sortidas.

Nessas alturas, como ele não conseguia se lembrar se os comprimidos verdes para a alergia deviam ser tomados antes ou depois das cápsulas para o estômago, e se devia tomar as amarelas para o coração antes ou depois das refeições, voltou ao médico. Este lhe deu uma caixinha com várias divisões, mas achou que titio estava tenso e algo contrariado. Receitou-lhe, então, Alprazolam e Sucedal para dormir.

Naquela tarde, quando ele entrou na farmácia com as receitas, o farmacêutico e seus funcionários fizeram uma respeitosa fila dupla para ele passar enquanto eles, sorridentes e felizes, o aplaudiam.

Mas o meu tio, em vez de melhorar, foi piorando a cada dia...

Ele tinha todos os remédios num armário da cozinha e quase já não saia mais de casa, porque passava praticamente todo o dia a tomar as pílulas e passou a dormir pior com tanta tensão e com a dificuldade para se adaptar àquele horroroso aparelho bucal para combater o ronco e a apneia que ele nunca percebera que tinha...

Dias depois, o laboratório fabricante de vários dos remédios que ele usava, deu-lhe um cartão de “Cliente Preferencial”, um termômetro, um frasco estéril para análise de urina e um caneta esferográfica com o logotipo da farmácia.

Meu tio, por um azar, pegou um resfriado. Minha tia Marocas, como de costume, fez ele ir para a cama, mas, desta vez, além do chá com mel, chamou também o médico. Este disse que não era nada, mas prescreveu Tapsin para tomar durante o dia e Sanigrip com Efedrina para tomar à noite. Como ele apresentava uma leve taquicardia o médico receitou Atenolol e um antibiótico com 1 g de Amoxicilina para ser tomado, a cada 12 horas, durante 10 dias. Foi quando apareceram fungos e herpes e, assim, ele receitou Fluconol com Zovirax.

Para piorar a situação, o querido tio Tonico começou a ler as bulas de todos os medicamentos que tomava e ficou sabendo de todas aquelas assustadoras contra-indicações, advertências, precauções, reações adversas, efeitos colaterais e interações médicas. E passou a dormir ainda pior.

Leu coisas que terríveis. Inclusive, que poderia até mesmo morrer e que poderia também ter arritmias ventriculares, sangramento anormal, náuseas, hipertensão, insuficiência renal, paralisia, cólicas abdominais, diarreias, alterações do estado mental, tonturas e um monte incrível de coisas terríveis.

Com medo de morrer, chamou, novamente, o médico, que lhe disse para não se preocupar com essas coisas, porque os laboratórios só os colocava nas bulas para eximir-se de alguma culpa futura.

- Calma, seu Tonico, não fique aflito, disse médico, enquanto prescrevia uma nova receita com um antidepressivo Sertralina com Rivotril 100 mg. E como titio apresentava uma nova dor nas articulações prescreveu Diclofenac.

Nessa altura, sempre que o meu tio recebia a aposentadoria, ia direto para a farmácia, onde já tinha sido eleito cliente VIP. E era sempre bem recebido por todos com aquele sorriso amigo que tantos conhecem...

Enfim, chegou o dia em que o meu pobre tio Tonico não tinha horas suficientes para tomar todas aquelas pílulas, portanto, ele já não dormia, apesar das cápsulas para a insônia que haviam sido prescritas. E aí, começou a tomar um comprimido para acordar pela manhã.

Então, foi ficando pior e sem ânimo até que um dia, conforme advertiam as bulas dos remédios, ele... morreu.

No funeral tinha muita gente mas quem mais chorava era o farmacêutico.

Agora, tia Marocas, provavelmemente com a consciência pesada e com o espírito aflito, vive dizendo e repetindo, a toda a hora, que "felizmente mandou titio para o médico bem na hora, porque se não, com certeza, ele teria morrido antes".

Este e-mail, de verdade mesmo, é dedicado a todos os meus amigos, sejam eles médicos ou pacientes!...

E qualquer semelhança com milhões de fatos reais não será, por certo, “pura coincidência.”

Obs. do Blog:

Norton Seng Antunes Santos, aposentado (e bem vivo) é sócio da AAPPREVI.