Caros Colegas,
Senhores pregoeiros de ideias
geniais, afastem de nós seus projetos mirabolantes de busca de notoriedade. Se
quiserem aparecer pendurem um gambá ao pescoço e circulem com garbo pelo centro
da sua Cidade. Com certeza terão Ibope, mas não prejudicarão os velhinhos
trambiqueiros.
Essa campanha descabida pela
antecipação do reajuste dos benefícios foi mal iniciada, mal fundamentada, mal
conduzida e, o que é pior, mal findada.
Muitos hão de lembrar o tempo em
que circulavam nas dependências do Banco tabelas apócrifas de aumento de
salários. Eram boatos escritos na linguagem do SEFUN dando como certo os
índices ali divulgados, e nunca confirmados, pois o Banco tomava aquilo como
termômetro para fazer diferente – sempre para baixo do esperado.
O mesmo ocorre com a PREVI que se
vale das marolas boateiras para, também, agir diferentemente do propalado, como
no caso do ES em que sumidades anteciparam como certo parâmetros absurdos de
prazos e limites, dos quais se valeu a área técnica para frustrar expectativas.
Dos números que enchiam nossos olhos, como 180 x 180 e 150 x 150 tivemos como
resultado simples reduções do que tínhamos antes. Melhor seria ter deixado tudo
como estava. No meu caso particular fui prejudicado.
Presentemente estamos à volta com
outro absurdo nascido de cabeças pensantes, ávidas pelo foco dos holofotes.
Inconsequentemente, como a querer agradar aos que dão crédito a promessas vãs
(e que dão votos), tiraram da cartola a fórmula mágica da antecipação do
pagamento dos benefícios para janeiro – acenando com vantagens imediatas
inexistentes. Do que se valeu a PREVI para largar na frente ao lado do Banco em
apoio à proposta, calando os reivindicantes antes que se dessem conta da
besteirada aventada.
Essa campanha vem de longe e
ganhou vulto no ano passado, bem distante do mês de janeiro, data da pretensa
antecipação onde a PREVI não teve pressa para conseguir as autorizações
necessárias em tempo hábil, apesar de concordar com o pleito. Andando a passo
de tartaruga ela conduziu o assunto de modo a não “ter meios” de viabilizar a
mudança na data prevista. Curioso é que a última autorização ficou por conta da
PREVIC que somente agora deu o “de acordo” – logo ela que é paga em grande
parte pela PREVI.
O fato é que o reajuste, por
determinação do Fundo, terá data base em Janeiro a partir de 2013 obedecendo ao
índice do início da vigência, ou seja, 3,82%, quando a expectativa para junho
já beira os 7%.
Todavia, pululam pareceres
otimistas dos experts no assunto para dizer que o prejuízo é aparente, porque
em janeiro/14 o reajuste será atualizado pelo índice acumulado. Segundo eles, a
perda é momentânea (questão de meses sem recebermos o devido). Ora, esquecem
que na nossa idade o tempo corre contra nós antecipando o resto da vida, onde
dias significam meses e meses correspondem a anos. Enquanto que um ano
corresponde a uma década. E os que morrerem antes de 2014, aonde vão ter
equilibrado o prejuízo de hoje?
Bom seria que os donos de ideias
geniais dessa envergadura antes de pô-las em prática consultassem os entendidos
nesses assuntos que, lamentavelmente, somente aparecem com explicações
abalizadas depois do leite derramado, “quando Inês é morta”. Que os adivinhos guardem
para si seus poderes sobrenaturais envolvendo bolas de cristais e gritos “vitoriosos”
de bingo, eureca e coisas que tais.
É fácil praticar demagogia quando
se tem a burra cheia. Assim como é cômodo fazer cortesia com o chapéu alheio.
As pessoas aprofundadas nos nossos assuntos são conhecidas e não se furtam em
transmitir opiniões quando consultadas. Portanto, não custa explorar sua boa
vontade com pedidos de exame da viabilidade de pretensões reparadoras.
Por tudo isto lhes peço, do alto
da condição cujo sustento depende do benefício da aposentadoria: não mexam com
coisas que dependam de modificações no Estatuto. Isto porque a PREVI põe para
trabalhar seus inúmeros técnicos para fazer mudanças com desculpa de que
precisa atender às reivindicações, e aproveita o ensejo para alterar o que lhe
dê na telha (desde que se beneficie das suas regras). É temerário dar motivos
sem propósitos para alterações estatutárias. Aqui cabe a pergunta: por que a
PREVI não faz uma mudança em regra mediante consulta aos participantes e
assistidos? Assim os geniais catadores de notoriedade terão campo para
exercitar sua propaganda eleitoreira. E nós poderemos trabalhar para aportar
subsídios às reformas necessárias.
É fácil deduzir que nem sempre o
que é bom para a PREVI e para o BB é bom para nós - que não temos onde cair
mortos (falo pelos iguais a mim).
Marcos Cordeiro de Andrade –
Curitiba (PR), 24 de abril de 2013.