Pela atualidade do tema, reedito minha indignação
registrada aqui no dia 24 do mês passado.
Marcos Cordeiro de Andrade
Caros Colegas,
Senhores pregoeiros de ideias geniais, afastem de nós
seus projetos mirabolantes de busca de notoriedade. Se quiserem aparecer
pendurem um gambá ao pescoço e circulem com garbo pelo centro da sua Cidade.
Com certeza terão Ibope, mas não prejudicarão os velhinhos trambiqueiros.
Essa campanha descabida pela antecipação do
reajuste dos benefícios foi mal iniciada, mal fundamentada, mal conduzida e, o
que é pior, mal findada.
Muitos hão de lembrar o tempo em que circulavam nas
dependências do Banco tabelas apócrifas de aumento de salários. Eram boatos
escritos na linguagem do SEFUN dando como certo os índices ali divulgados, e
nunca confirmados, pois o Banco tomava aquilo como termômetro para fazer
diferente – sempre para baixo do esperado.
O mesmo ocorre com a PREVI que se vale das marolas
boateiras para, também, agir diferentemente do propalado, como no caso do ES em
que sumidades anteciparam como certo parâmetros absurdos de prazos e limites,
dos quais se valeu a área técnica para frustrar expectativas. Dos números que
enchiam nossos olhos, como 180 x 180 e 150 x 150 tivemos como resultado simples
reduções do que tínhamos antes. Melhor seria ter deixado tudo como estava. No
meu caso particular fui prejudicado.
Presentemente estamos à volta com outro absurdo
nascido de cabeças pensantes, ávidas pelo foco dos holofotes.
Inconsequentemente, como a querer agradar aos que dão crédito a promessas vãs
(e que dão votos), tiraram da cartola a fórmula mágica da antecipação do
pagamento dos benefícios para janeiro – acenando com vantagens imediatas
inexistentes. Do que se valeu a PREVI para largar na frente ao lado do Banco em
apoio à proposta, calando os reivindicantes antes que se dessem conta da
besteirada aventada.
Essa campanha vem de longe e ganhou vulto no ano
passado, bem distante do mês de janeiro, data da pretensa antecipação onde a
PREVI não teve pressa para conseguir as autorizações necessárias em tempo
hábil, apesar de concordar com o pleito. Andando a passo de tartaruga ela
conduziu o assunto de modo a não “ter meios” de viabilizar a mudança na data
prevista. Curioso é que a última autorização ficou por conta da PREVIC que
somente agora deu o “de acordo” – logo ela que é paga em grande parte pela
PREVI.
O fato é que o reajuste, por determinação do Fundo,
terá data base em Janeiro a partir de 2013 obedecendo ao índice do início da
vigência, ou seja, 3,82%, quando a expectativa para junho já beira os 7%.
Todavia, pululam pareceres otimistas dos experts no
assunto para dizer que o prejuízo é aparente, porque em janeiro/14 o reajuste
será atualizado pelo índice acumulado. Segundo eles, a perda é momentânea
(questão de meses sem recebermos o devido).
Ora, esquecem que na nossa idade o tempo corre
contra nós antecipando o resto da vida, onde dias significam meses e meses
correspondem a anos. Enquanto que um ano corresponde a uma década. E os que
morrerem antes de 2014, aonde vão ter equilibrado o prejuízo de hoje?
Bom seria que os donos de ideias geniais dessa
envergadura antes de pô-las em prática consultassem os entendidos nesses
assuntos que, lamentavelmente, somente aparecem com explicações abalizadas
depois do leite derramado, “quando Inês é morta”. Que os adivinhos guardem para
si seus poderes sobrenaturais envolvendo bolas de cristais e gritos
“vitoriosos”de bingo, eureca e coisas que tais.
É fácil praticar demagogia quando se tem a burra
cheia. Assim como é cômodo fazer cortesia com o chapéu alheio. As pessoas
aprofundadas nos nossos assuntos são conhecidas e não se furtam em transmitir
opiniões quando consultadas. Portanto, não custa explorar sua boa vontade com
pedidos de exame da viabilidade de pretensões reparadoras.
Por tudo isto lhes peço, do alto da condição cujo
sustento depende do benefício da aposentadoria: não mexam com coisas que
dependam de modificações no Estatuto. Isto porque a PREVI põe para trabalhar
seus inúmeros técnicos para fazer mudanças com desculpa de que precisa atender
às reivindicações, e aproveita o ensejo para alterar o que lhe dê na telha
(desde que se beneficie das suas regras). É temerário dar motivos sem
propósitos para alterações estatutárias. Aqui cabe a pergunta: por que a PREVI
não faz uma mudança em regra mediante consulta aos participantes e assistidos?
Assim os geniais catadores de notoriedade terão campo para exercitar sua
propaganda eleitoreira. E nós poderemos trabalhar para aportar subsídios às
reformas necessárias.
Também é fácil deduzir que nem sempre o que é bom
para a PREVI e para o BB é bom para nós - que não temos onde cair mortos (falo
pelos iguais a mim).
Marcos Cordeiro de Andrade – Curitiba (PR), 24 de
abril de 2013.
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