Por Solonel Jr.
Em seu item 2, a resposta dada à consulta feita pela
BM&FBOVESPA, a respeito da matéria veiculada no jornal O Estado de São
Paulo, edição de 09/12/2013, o Banco do Brasil afirma, textualmente, referindo-se
às aposentadorias altíssimas com que estaria brindando parte de sua
diretoria, que "Os benefícios de
aposentadoria oferecidos pela PREVI fazem parte da Política de Recursos Humanos
do Banco", discorrendo, a seguir, sobre a forma de cálculo utilizado.
Além disso, no item 4 da Edição Especial do InfPrevi de 09
de dezembro próximo passado, ela afirma: "O pagamento de aposentadorias
sem que haja a definição de um teto de benefícios não compromete o equilíbrio
do Plano 1. A PREVI detém recursos suficientes para arcar com os seus
compromissos atuais e futuros para com todos os participantes."
Na minha visão, o "fazer parte da Política de Recursos
Humanos do Banco", isso sempre foi óbvio. Quando entrei no BB, da mesma
forma que os que já estão aposentados, o fiz via concurso, na época e até bem
pouco tempo um dos mais disputados do país, não por achar que era lindo
trabalhar em Banco. Não por achar que eu seria útil às populações carentes
trabalhando em uma das 3.500 agências de então (salvo engano o número era
este).
Disputei aquele concurso por ter sido prometido, no edital
que o convocava, assistência médica e complemento de aposentadoria. Isso
significava que eu não teria preocupações nem com a saúde a partir da posse,
nem com o sustento, a partir da aposentadoria, pois continuaria recebendo como
se na ativa estivesse.
Bem, mas isso era 1971, época em que o país era governado
pelos militares, tão combatidos quanto odiados por nós. Eu mesmo, estudante do
Elefante Branco, ajudei nos protestos. Eu mesmo fiz parte dos que invadiram e
ocuparam tanto o Elefante Branco quanto a UNB, transformando-os em
"Territórios Livres".
Mas e daí? E daí? E daí que naquele tempo havia
"contrato". Naquele tempo havia "respeito". Havia
perseguição, havia truculência, havia repressão. Mas dentro da cultura fardada,
havia o "vale o escrito" tão honrado no jogo do bicho. Na época, era
seu 74º presidente o Dr. Nestor Jost, ex-deputado estadual e federal gaúcho, que permaneceu no cargo até março de
1974. Foi quando se criou o "Menor Estagiário", com jornada de 6
horas que podiam ser reduzidas para 4 a fim de proporcionar tempo de estudo aos
menores. Tinha que ser pobre e tinha que estudar.
Em seu discurso de posse, Fernando Viguê Loureiro, ao
assumir a chefia do FUNCI, falava de liderança. Liderança que "administra
com o funcionário, e não em cima do funcionário".
Coisa que não existe mais. Aliás, há muito tempo não existe
mais este tipo de liderança. Os que ainda pensam assim desistem de tentar,
atropelados pelos que querem apenas resultados. E ao que tudo indica, o motor
desta falta de "humanidade" das chefias atuais está diretamente
ligada à certeza de bons e altos salários ao se aposentarem.
Os contratos foram sendo alterados, ao longo do tempo,
paulatinamente, no preparo da cartada final, que ainda está por vir. Nada está
tão ruim que não possa ficar pior. E ao que indicam os recados que recebemos
diariamente, vão ficar pior.
O Banco do Brasil não se contenta com os BILHÕES que alega
ter direito e que a PREVI, ou melhor, a diretoria executiva, em InfPREVI Especial de 19 de novembro de 2013, e
perguntado se o Banco do Brasil havia se beneficiado do superávit, ofereceu a
seguinte resposta: "Somente os participantes aposentados receberam
dinheiro da PREVI na forma de Benefício Especial Temporário e os funcionários
da ativa receberão no momento da aposentadoria. Já os recursos a que o Banco do
Brasil tem direito, conforme determina a Resolução nº 26/2008 do Conselho de
Gestão da Previdência Complementar, permanecem na PREVI, contabilizados em
conta específica, para quitar compromissos futuros do BB com o Plano de Benefícios."
Quer mais. Muito mais. Este saldo contabilizado no Balanço
da PREVI significa, na pior das hipóteses, valores que o Banco do Brasil não
precisa despender para pagar seus compromissos. Ou seja: o devedor paga suas
dívidas com o dinheiro do credor. Por exemplo, as futuras contribuições do BB
estão garantidas pelo dinheiro que deveria ter sido utilizado para a melhoria
dos nossos benefícios.
Mas não deve ser apenas isso. Contabilmente deve haver
alguma vantagem, alguma "irregularidade" que favoreça o BB. Seus
técnicos são por demais astutos e com certeza bolaram alguma forma de conseguir
resultados positivos.
E os nossos "representantes", eleitos em várias
associações, em disputa apenas pelo seu, quando deveriam procurar o
"nosso", que a cada dia vai sumindo, sumindo, sumindo, sumindo.
Assim como sumiram também os que os elegeram. De um universo
de provável de 193.001 eleitores na PREVI, na ultima eleição apenas 110.860.
Destes, de possíveis 95.857 aposentados, opinaram, escolhendo seus
representantes, que findaram sendo os "nossos representantes", apenas
30.645. Pouco, muito pouco. Menos que um terço do total de possíveis eleitores.
Na CASSI a relação é muito pouco diferente, alcançando muito
pouco a mais que um terço. De possíveis 102.779, 88.362 compareceram aos votos,
com um total de 23.366 aposentados em um universo de 65.770.
Finalmente, se não nos expressarmos melhor nas próximas
eleições, se não provocarmos uma mudança de cenário, se não retirarmos o ranço
pragmático político sindical da eterna esquerda, perderemos tudo. A única
leitura ainda possível da situação, e meu ver, é a de que, se, e somente se, a
CASSI conseguir sobreviver, teremos quem nos receite remédios para nossas
doenças, tão comum na idade de aposentadoria. Mas não teremos recursos para
comprá-los, com a diminuição constante de nossos benefícios de complementação.
Como bem disse o Barão de Itararé, "quem não muda de
caminho é trem".
Solonel Drumond Jr