domingo, 15 de dezembro de 2013

A PREVI MENTE?



Por Solonel Jr.
Em seu item 2, a resposta dada à consulta feita pela BM&FBOVESPA, a respeito da matéria veiculada no jornal O Estado de São Paulo, edição de 09/12/2013, o Banco do Brasil afirma, textualmente, referindo-se às aposentadorias altíssimas com que estaria brindando parte de sua diretoria,  que "Os benefícios de aposentadoria oferecidos pela PREVI fazem parte da Política de Recursos Humanos do Banco", discorrendo, a seguir, sobre a forma de cálculo utilizado.

Além disso, no item 4 da Edição Especial do InfPrevi de 09 de dezembro próximo passado, ela afirma: "O pagamento de aposentadorias sem que haja a definição de um teto de benefícios não compromete o equilíbrio do Plano 1. A PREVI detém recursos suficientes para arcar com os seus compromissos atuais e futuros para com todos os participantes."
Na minha visão, o "fazer parte da Política de Recursos Humanos do Banco", isso sempre foi óbvio. Quando entrei no BB, da mesma forma que os que já estão aposentados, o fiz via concurso, na época e até bem pouco tempo um dos mais disputados do país, não por achar que era lindo trabalhar em Banco. Não por achar que eu seria útil às populações carentes trabalhando em uma das 3.500 agências de então (salvo engano o número era este).

Disputei aquele concurso por ter sido prometido, no edital que o convocava, assistência médica e complemento de aposentadoria. Isso significava que eu não teria preocupações nem com a saúde a partir da posse, nem com o sustento, a partir da aposentadoria, pois continuaria recebendo como se na ativa estivesse.
Bem, mas isso era 1971, época em que o país era governado pelos militares, tão combatidos quanto odiados por nós. Eu mesmo, estudante do Elefante Branco, ajudei nos protestos. Eu mesmo fiz parte dos que invadiram e ocuparam tanto o Elefante Branco quanto a UNB, transformando-os em "Territórios Livres".

Mas e daí? E daí? E daí que naquele tempo havia "contrato". Naquele tempo havia "respeito". Havia perseguição, havia truculência, havia repressão. Mas dentro da cultura fardada, havia o "vale o escrito" tão honrado no jogo do bicho. Na época, era seu 74º presidente o Dr. Nestor Jost, ex-deputado estadual e federal  gaúcho, que permaneceu no cargo até março de 1974. Foi quando se criou o "Menor Estagiário", com jornada de 6 horas que podiam ser reduzidas para 4 a fim de proporcionar tempo de estudo aos menores. Tinha que ser pobre e tinha que estudar.
Em seu discurso de posse, Fernando Viguê Loureiro, ao assumir a chefia do FUNCI, falava de liderança. Liderança que "administra com o funcionário, e não em cima do funcionário".
Coisa que não existe mais. Aliás, há muito tempo não existe mais este tipo de liderança. Os que ainda pensam assim desistem de tentar, atropelados pelos que querem apenas resultados. E ao que tudo indica, o motor desta falta de "humanidade" das chefias atuais está diretamente ligada à certeza de bons e altos salários ao se aposentarem.

Os contratos foram sendo alterados, ao longo do tempo, paulatinamente, no preparo da cartada final, que ainda está por vir. Nada está tão ruim que não possa ficar pior. E ao que indicam os recados que recebemos diariamente, vão ficar pior.
O Banco do Brasil não se contenta com os BILHÕES que alega ter direito e que a PREVI, ou melhor, a diretoria executiva, em InfPREVI  Especial de 19 de novembro de 2013, e perguntado se o Banco do Brasil havia se beneficiado do superávit, ofereceu a seguinte resposta: "Somente os participantes aposentados receberam dinheiro da PREVI na forma de Benefício Especial Temporário e os funcionários da ativa receberão no momento da aposentadoria. Já os recursos a que o Banco do Brasil tem direito, conforme determina a Resolução nº 26/2008 do Conselho de Gestão da Previdência Complementar, permanecem na PREVI, contabilizados em conta específica, para quitar compromissos futuros do BB com o Plano de Benefícios."

Quer mais. Muito mais. Este saldo contabilizado no Balanço da PREVI significa, na pior das hipóteses, valores que o Banco do Brasil não precisa despender para pagar seus compromissos. Ou seja: o devedor paga suas dívidas com o dinheiro do credor. Por exemplo, as futuras contribuições do BB estão garantidas pelo dinheiro que deveria ter sido utilizado para a melhoria dos nossos benefícios.
Mas não deve ser apenas isso. Contabilmente deve haver alguma vantagem, alguma "irregularidade" que favoreça o BB. Seus técnicos são por demais astutos e com certeza bolaram alguma forma de conseguir resultados positivos.
E os nossos "representantes", eleitos em várias associações, em disputa apenas pelo seu, quando deveriam procurar o "nosso", que a cada dia vai sumindo, sumindo, sumindo, sumindo.

Assim como sumiram também os que os elegeram. De um universo de provável de 193.001 eleitores na PREVI, na ultima eleição apenas 110.860. Destes, de possíveis 95.857 aposentados, opinaram, escolhendo seus representantes, que findaram sendo os "nossos representantes", apenas 30.645. Pouco, muito pouco. Menos que um terço do total de possíveis eleitores.
Na CASSI a relação é muito pouco diferente, alcançando muito pouco a mais que um terço. De possíveis 102.779, 88.362 compareceram aos votos, com um total de 23.366 aposentados em um universo de 65.770.

Finalmente, se não nos expressarmos melhor nas próximas eleições, se não provocarmos uma mudança de cenário, se não retirarmos o ranço pragmático político sindical da eterna esquerda, perderemos tudo. A única leitura ainda possível da situação, e meu ver, é a de que, se, e somente se, a CASSI conseguir sobreviver, teremos quem nos receite remédios para nossas doenças, tão comum na idade de aposentadoria. Mas não teremos recursos para comprá-los, com a diminuição constante de nossos benefícios de complementação.
Como bem disse o Barão de Itararé, "quem não muda de caminho é trem".

Solonel  Drumond Jr

(Solonel Campos Drumond Junior é Conselheiro Fiscal da AAPPREVI – www.aapprevi.com.br).

Um comentário:

Marcos Cordeiro de Andrade disse...


Prezado presidente Marcos,

Realmente interessante o artigo "Teto para beneficíos da previdência privada é ilegal" publicada em :

http://www.conjur.com.br/2013-dez-14/jurista-critica-imposicao-teto-beneficio-previdencia-privada

Os poderosos imediatamente conseguem "juristas" e "professores-doutores" para defender suas teses, mas as ilegalidades cometidas contra os aposentados não tem defensores (resolução 26, atualização de benefícios, pensionistas, colegas pedevistas, para citar apenas alguns).

Outro advogado apressou-se a declarar, em notícia divulgada na semana passada, que os diretores aposentados tem "direito adquirido" relativamente ao recebimento de suas aposentadorias sem limite de teto; as elites tem direitos adquiridos, mas nos nossos processos os juízes alegam que não existem direitos adquiridos, mas apenas "direitos presumidos"...

Apenas um desabafo, meu caro presidente, de um aposentado descrente da justiça dos homens, mas com permanente fé na justiça que não falhará : a do Todo Poderoso.

Abraço fraterno, com votos de Boas Festas e feliz Ano Novo, extensivos a seus familiares,


Roni R. Maier
matrícula 8.772.210.0