Marcos Cordeiro de
Andrade
Caros Colegas,
Está em curso o chamamento para
nova manifestação em frente à Sede da PREVI, marcada para ocorrer no dia 24 de
novembro de 2014 (uma segunda feira).
Instado a opinar, pergunto o que
pretendem nossas “lideranças” com requentados movimentos dessa ordem.
- Forçar a PREVI a se mexer em nosso favor? Isso já foi tentado antes sem nenhum efeito
prático. Ela é burocrática e monitorada pelos poderes que condenamos como
nossos algozes.
- Sensibilizar a opinião pública?
É temerário contar com isso, pois a pecha de marajás ainda pesa sobre nós.
- Chamar a atenção da mídia?
Quase impossível de ocorrer. Ela desgastou seu poder de fogo na recente
campanha eleitoral, além do que não se trata de evento que empolgue a massa - não
vende jornais, não dá “ibope”.
Ao tempo em que registro oposição
ao chamamento do jeito em que está colocado, ao final dos argumentos
esclarecedores aqui contidos manifesto recomendação sustentada para a adoção de
medida alternativa direta, imediata e de eficácia inconteste – sem exigir
sacrifícios nem onerar patrimônios.
Reconheço que a causa é nobre,
plena de boas intenções. Mas vazia de bom senso e de cautela por envolver
vontades invioláveis com tentativas de manipulação, notadamente pelo público
alvo da campanha. O trato com idosos deve ser pautado no respeito à
individualidade, levando-se em conta inúmeros fatores inerentes à rotina de
suas vidas. Não se pode olhar o aposentado ou pensionista em idade avançada como
uma peça que possa ser usada ao bel prazer de julgamentos controversos. Não se
pode considerar erroneamente o aposentado como um desocupado ávido por tarefas
a desempenhar. Vale lembrar que a idade é portadora da sabedoria, e quem está
dentro dos parâmetros longevos já moldou seu comportamento de modo a aproveitar
o tempo útil em benefício da família que ajudou a criar, sem esquecer que ele
mesmo precisa de tempo para cuidar de si, do seu bem estar e das suas mazelas.
Mesmo ostentando a condição de inativo (muito usada quando se quer provar que é
um incapaz controlável), nunca podem ser considerados desocupados, de cujo
tempo alguém possa dispor para simples convocações a engrossar fileiras de
reivindicações ou protestos. Ainda mais quando o evento se localize fora da sua
“base” de atuação. Acresce na impropriedade o fato de que muitos deles exercem
atividade de trabalho remunerado sem tempo a desperdiçar, exatamente para
complementar a aposentaria pela qual querem levá-lo a brigar, fazendo o serviço
intransferível das “lideranças”. Para tal desempenho ele paga mensalidades às
associações a que se filiou.
Ademais, constitui-se em propaganda enganosa a insensatez de
acenar com o engodo do deslocamento até a bela Cidade do Rio de Janeiro, com
promessa de hospedagem e transporte gratuitos sem a mínima garantia de que isto
seja verdadeiro. Se não bastasse ser um desrespeito aos residentes nos
afastados rincões brasileiros, que poderão ver nisto uma oportunidade de fazer
turismo elitista sem mexer no bolso combalido.
Mais sensato seria se essas ditas
lideranças tomassem a si a responsabilidade de calar baionetas e entrar em luta
corpo a corpo na guerra previdenciária. Ao invés de incitar esses respeitáveis
seres a seguir ditames, por que não se formar uma comissão de notáveis para
levar as reivindicações da pauta diretamente à Direção da PREVI, cumprindo o
protocolo ao amparo do bom senso? E sem querer queimar etapas à custa do
trabalho dos aposentados e pensionistas. Por que não pedir às Associações que
convençam seus dirigentes a formar esse grupo de trabalho para assim agir? Por
que não pleitear à Federação que se digne encabeçar a lista? Por que não
recorrer aos políticos influentes de cada Unidade da Federação para apoiar
projetos da mesma esfera tramitando no Congresso?
As respostas se fundem em uma só.
- Talvez porque isso não renda os
frutos ocultos que se espera, pois, como no primeiro caso, não dá ibope nas redes
sociais por tratar-se de trabalho “interno” a cargo de poucos. Melhor não
contar com isso. Também, não é a primeira vez que lido com este assunto de modo
igual. E são sempre as mesmas pessoas a me voltar as costas fazendo ouvidos de
mercador - até o momento em que voltam a me procurar para avalizar projetos
requentados e fracassados em tentativas anteriores.
Entretanto, entendo que tudo isto
que recomendo seria mais legítimo e proveitoso do que exigir paralelamente que
associações gastem o dinheiro do associado, sem consultas, para encher ônibus
que levem alguns a formar um aglomerado disperso em frente ao Mourisco, sem
direito à participação direta lá dentro como se fora um rebanho de ovelhas ao
comando de líderes humanos com pedigree de Border
Collies, sem vislumbre de que seu sacrifício valerá a pena. Até porque a
campanha não tem selo de garantia, haja vista a história pregressa de iguais
atos onde as fotos dão testemunho do pequeno volume de público envolvido.
Falando por mim, me rotularia
portador de oportunismo sem par se inclinado a incentivar formadores de opinião
a se dedicarem a essa prática. No meu entendimento, denuncio como de comodidade
covarde a prática de ficar a lançar incentivos desde o conforto do lar, alegando
o obstáculo da distância para atuar de longe convocando pessoas a fazer o
trabalho que não é delas. Usando-as como se dispusesse do seu tempo, do seu
dinheiro e do dinheiro de outrem. Não é por coisas assim que empenharei meu
nome, posto que se trate de tarefa destinada a ser desempenhada de forma direta
por profissionais, dirigentes de Entidades da classe e pessoas que se dizem
liderar grupos sociais na Internet. Não é incumbência que se jogue nas costas
de aposentados e pensionistas que, em situação alguma, podem servir de massa de
manobra para consecução de objetivos de cunho duvidoso – ou bucha de canhão
numa guerra onde somente cabem estrategistas burocráticos. Nunca é demais
lembrar experiências adquiridas em passado recente, porquanto é sabido que, ao
termo, uns poucos desses manifestantes subirão aos luxuosos gabinetes onde
serão recebidos, ainda como líderes fajutos, por um ou dois Assessores da
Direção, quando, em meio à rodada de cafezinho e água gelada ouvirão a promessa
de que “a PREVI vai estudar o assunto” – o que já ocorreu por mais de uma vez –
enquanto que os figurantes amargarão seu desconforto lá embaixo esperando a
hora em que retornem os que estiveram lá em cima, agora elevados à categoria de
líderes autênticos. E lhes digam que “a missão foi cumprida, voltem para suas
casas”.
Morei no Rio de Janeiro durante
32 anos (boa parte deles na Capital) e conheço bem o sítio onde se localiza a
sede da PREVI. Em razão disso, julgo inadequado e inconsequente ali jogar um
punhado de idosos em manifestação dessa natureza, depois de retirá-los do
conforto do lar onde cumprem rituais particularíssimos, como degustar alimentação
especial em horários controlados, ou respeitar a subordinação a horários também
rígidos de cumprimento para tomar remédios, fazer exercícios físicos, postar-se
aos cuidados de paramédicos, médicos e especialistas outros como parte da
rotina de vida. Muitos deles com necessidade de atender amiúde à frequência
urinária incontrolável ou superar dificuldades de locomoção. Alguns até necessitando
do acompanhamento de quem lhes sirvam de amparo e apoio, na idade em que o
corpo está sempre a lembrar do peso dos anos vividos.
Isto é o que se deve considerar
antes de transportá-los em ônibus de improvável conforto nessa viagem estafante
(ao sabor do calor de verão do “Rio 40 graus”), sem garantias de que terão no local
acesso a alimentos adequados e a preços módicos, com banheiros à mão sempre que
preciso e com suprimento de água para beber disponível o tempo todo. Além da
necessidade da proteção dos órgãos de segurança para o caso de ocorrer
infiltrações de indesejáveis, baderneiros ou não. E, em consequência, amargar
todo esse sacrifício para fazer o trabalho de quem possa ficar distante, à
espreita, avaliando o sucesso de público que será enaltecido para engrossar
portfólios políticos onde se registrem fanfarras do tipo “eu idealizei, eu fiz,
eu estive lá”, mesmo sem provar a presença. Casos houve em que alguns desses, na
primeira oportunidade surgida usaram a inconsequente Vitória de Pirro como triunfal e eficaz ferramenta para a formação
de chapas que lhes servissem aos propósitos, para conquistar posições na cúpula
das Entidades do nosso meio e do porte que convinham, fosse para si ou para os
da sua patota. De lamentar o fato de que inocentes úteis mais uma vez são
instados a desempenhar o mesmo papel de quando, nessa situação, oportunistas se
beneficiaram nas últimas eleições para a CASSI e a PREVI, usando santinhos com suas
cínicas e luzidias caras de pau enaltecendo participações em eventos da espécie,
como utilíssimo suporte de campanha. Eventos esses que não deram em nada – nem
darão, nos moldes em que estão postos. E foram esses que, eleitos em cima da
bagagem assim construída, logo após a posse fizeram vista grossa à instituição
do “bônus 500 mil”, que foi aprovado descaradamente para beneficiar uns poucos –
eles inclusive.
A propósito destas considerações, vale a pena conhecer o
pedido feito pela AAPPREVI à FAABB. (E
aceito por sua presidente):
Marcos Cordeiro de Andrade – Curitiba (PR), 03 de novembro
de 2014. www.previplano1.com.br (Moderador, mantenedor e Blog
independentes).