Marcos Cordeiro de Andrade
Caros Colegas,
Uma foto de candidatos à defesa de um plano de
saúde destinado ao amparo da minha velhice terá mais representatividade se
espelhar o que sou. Uma foto de um grupo de velhos de roupas sem grife ou robes
mal passados. Bengalas em punhos de mãos trêmulas, mas firmes. Meios sorrisos
em bocas murchas que o batom procure disfarçar, ou em que o bigode tente
esconder a prótese barata – ou a falta dela. Postura alquebrada sob o peso dos
anos de sofrimentos passados. Abraçados e de mãos dadas como a demonstrar o
apoio solidário que têm para oferecer. Rostos enrugados pelos rictos de preocupação
constante no cuidado dispensado à criação de filhos e netos, demonstrando saber
como orientar e fazer. Vestimenta simples e com calçados baratos num indicativo
de despojamento. Corpos magros mostrando a rigidez dos velhos músculos já muito
solicitados no transporte do pesado fardo da vida.
Este sim é o retrato ideal de um grupo que se
proponha a defender o meu final de vida. Onde as doenças serão mais comuns e
onde o sofrimento é mais constante. Nesse grupo eu confiaria. A um grupo assim
entregaria o meu voto sem esperar pedido. Se um grupo parecido se dispuser a me
proteger beijo-lhes as mãos e nelas entrego a cura das minhas mazelas, com a
certeza de que o meu Plano de Saúde estará protegido.
Por essa foto procuro há anos e talvez nem
exista.
O que existe são as fotos de grupos que mais
parece propaganda do elixir da longa vida. Conjuntos de figuras representativas
do sucesso de uma existência sem apertos financeiros. De pessoas isentas de
doenças porque os ricos consultórios lhes estão disponíveis. Elementos
portadores de semblantes altivos onde se grudam sorrisos largos. Sorrisos que
mostram alvíssimos dentes bem cuidados por caros dentistas. Risos de deboche
por posarem para carentes aposentados e pensionistas que eles nunca chegarão
a ser, mas que sustentam sua inutilidade através do voto. Rostos lisos onde as
rugas da sabedoria ainda não tiveram tempo de instalar-se. Figuras rotundas
como a mostrar acintosamente que desfrutam da bonança e vivem no ócio. Fotos em
que mal cabem gordos e bizarros candidatos que em nada se parecem com quem
possa pensar em mim.
Vejam essa foto de 2010, quando publiquei este artigo.
Visualizar foto
Desse tipo são as fotos que me mandam com ordens de votar em quem ali está.
Pura perda de tempo, pois entendo que quem não
conheceu o sofrimento não pode reconhecer a dor alheia.
E essas fotos de que trato agora têm nomes:
Todos
pela Cassi (chapa 1).
Maturidade
(chapa 2).
Renovação
(chapa 4).
Nelas NÃO VOTO, nem amarrado! Até porque o CANAEL não recomenda (www.canael.com.br)
Marcos Cordeiro de Andrade – Curitiba (PR) – 28/03/2010 - publicação original.
Nenhum comentário:
Postar um comentário