Marcos Cordeiro de
Andrade
Caros Colegas,
Ontem, dia 28/02/15, submeti-me a
uma cirurgia que estava programada há mais de quinze dias, quando foi
constatada a necessidade do ato. Tenho 75 anos e nunca havia vivenciado
experiência igual. Pela primeira vez na vida frequentei um centro cirúrgico.
Mais pela falta de “experiência”
do que pela gravidade dos procedimentos, os dias que antecederam minha
internação foram de inusitada angústia, abalando o auto controle que acreditava
ter para enfrentar o desconhecido. A cada comparecimento às dependências do
Hospital Santa Cruz, escolhido aleatoriamente, me deparava com apreensões de
toda sorte, mesmo para cumprimento do ritual pré-operatório envolvendo exames
de laboratório, de raio x e cardiológicos, mais entrevistas com o cirurgião e
anestesista.
Por fim chegou o dia da
internação e para o Hospital fui levado pelo meu filho (29 anos), meu
acompanhante. Ai teve início a verdadeira agonia acompanhada pelo medo da
morte. Isto porque, depois de instalado no apartamento que me fora
disponibilizado dentro dos direitos que a CASSI me destina, nem o luxo e
confortos visíveis foram capazes de atenuar o peso do medo possuído.
A coisa cresceu ao ser levado de
maca até o centro cirúrgico, deitado em posição desconfortável à falta de
travesseiro e tendo como paisagens nessa viagem apenas o teto de corredores e
vultos apressados por que passava, em direção aos dois elevadores que
frequentei nessa jornada.
No Centro Cirúrgico fui
transferido para o leito operatório, também estreito e desconfortável, à
disposição dos procedimentos que informaram ser de praxe: apresentação da
equipe individualmente com nomes que não gravei nem funções que cada um desempenharia
durante a cirurgia. Na sequência, a muito custo encontraram uma veia sumida
onde grudaram uma agulha para o soro e possíveis medicamentos de sedação.
A cirurgia em si transcorreu com
normalidade, onde eu alternava momentos de plena consciência com outros de
sonolência e alheamento. Mesmo assim procurava prestar atenção ao que diziam os
que trabalhavam à minha volta cumprindo suas funções. E em nenhum momento
denotei alteração de voz ou pronunciamentos impróprios para a ocasião. Havia
absoluta tranquilidade pairando no ar. Mas o medo da morte não me abandonava.
Concluída a cirurgia, levaram
pela imensa sala a maca em que eu estava até um local que deduzi servir para
recuperação e observação monitorada, pois havia aparelhos que apitavam a
intervalos regulares. Me ladeavam outras duas macas com seus ocupantes em
iguais condições, aguardando o momento de serem levados para seus quartos/apartamentos.
Depois de certo tempo eles foram levados, em momentos diferentes.
Fiquei sozinho ali e depois de
longo período de espera fui informado por um enfermeiro surgido do nada que
também iria ser levado. E novamente percorri os mesmos corredores com suas
luzes fantasmagóricas no teto, agora mais brilhantes que antes. Também passava
por vultos, alguns deles se curvando para ver meu rosto talvez procurando saber
de quem era aquele corpo.
Chegando ao quarto fui recebido
com euforia pelo meu filho que relembrou reações anteriores dizendo: “Eu não
falei que ia dar tudo certo!”. Mas eu não estava tão certo de que tudo
transcorrera bem, até porque me sentia um pouco apático, sem sensações que me
dissessem que estava vivo.
À noite recebi alta médica com a
consequente autorização para ir para casa. E na sequência dos acontecimentos
cresceu em mim a dúvida se estava vivo ou morto. O que não conseguia
identificar, até porque nunca tinha morrido antes. E foi a partir daí que esse
sentimento ganhou corpo, ou vulto.
Depois de recomendados, buscamos
a saída para a vida.
A ampla portaria de pé direito altíssimo,
tudo revestido de puro mármore, ou granito imitativo, dava ares de opulência no
vazio de que estava tomada. E o ambiente se me apresentava opressivamente
desabitado. Em toda aquela imensidão havia o vulto impessoal de uma atendente
num guichê, que confirmou a autorização de alta médica, e, mais ao longe, junto
à cancela que permitiria minha saída havia um funcionário de fardamento azul.
Este, de tesoura em punho, cortou o bracelete identificador da minha condição
de paciente.
Ultrapassada a porteira, fiquei
aguardando o meu filho que fora buscar o carro no estacionamento. Postei-me entre
duas grandes colunas de sustentação do edifício e fui invadido por imensa
solidão. Ainda mais que estava escuro lá fora e caía uma chuva fina. E ventava
muito. Então notei que havia uma mulher por trás de cada uma das colunas que me
ladeavam, talvez à espera de quem viesse busca-las. Mas logo uma a uma desceram
a rampa que levava até a rua. E me senti muito só. Pouco depois, quando resolvi
puxar conversa com o cidadão de fardamento azul constatei que estava inteiramente
só naquele ambiente – ele havia abandonado o posto, talvez para se abrigar do
vento frio que corria. Ou porque eu fora a última alma a receber alta naquele
dia.
E a dúvida se acentuou trazendo
pensamentos sombrios. Será que estou morto? Será que é assim que se dá a
passagem? Vejo que fui sendo abandonado aos poucos e até mesmo o meu filho me
deixou aqui sozinho, como se assim devesse fazer. E procurei em mim sinais de
vida que não apareciam ao me questionar. Não sinto dores, não estou com fome, o
vento e a chuva fina não me incomodam. Não estou cansado nem com sono e apesar
de estar em pé já há algum tempo sinto conforto na posição. E já não me assolava
o medo da morte. Somente queria saber o que viria a seguir. Ou o que deveria fazer
na continuação.
Foi quando o meu filho chegou com
o carro me levando dali. Resolvi então lhe relatar o que se passava em minha
mente. E ele, ponderado como sempre, rebateu tudo dizendo que logo estaríamos
em casa retomando a rotina de vida. E pensei comigo que a prova viria com a
recepção que me fosse dada pelo meu cachorro e pela minha mulher.
Mas o meu cachorro não veio me
receber como esperava, talvez porque estivesse ao abrigo da chuva que caia. E a
minha mulher me recebeu com comedida euforia ostentando semblante abatido, como
se tivesse chorado. E fui direto para o quarto remoer minhas dúvidas. Será que
estou vivo? Ou será que morri e cumpro o ritual da passagem para outra vida?
Neste momento, já passando da
meia noite, procuro registrar a experiência buscando a resposta que ninguém me
dá. Será que morri e ainda não sei?
Marcos Cordeiro de Andrade – Curitiba (PR), 1º de março de
2015. www.previplano1.com.br
24 comentários:
Marcos,
Que relato! Impressionante prá mim porque me senti no seu lugar.
E o que mais me ligou na leitura foi que são exatamente essas sensações que tenho quando penso no caso de uma eventual cirurgia, a que nunca também me submeti.
Já fiz bastante esse trajeto, mas como acompanhante, nunca como protagonista.
E se protagonista fosse num script semelhante, numa pródiga e fértil imaginação sempre me vejo deitado numa maca percorrendo corredores estreitos, um teto branco como céu, os brilhos das lâmpadas como estrelas, vultos passantes com olhares curiosos para aquela figura inerte, entregue e impotente sobre uma cama ambulante conduzida por um frio avental também branco para o desconhecido momento da inconsciência.
Continuo minhas divagações como as suas, bem semelhantes, por isso fico por aqui, senão seria um repeteco mesmo.
Gostei demais e espero que a sua recuperação seja rápida, firme e definitiva.
Lydio
Desejo que o Sr. Marcos tenha uma excelente recuperação de sua saúde e que DEUS o abençõe sempre e lhe dê forças para superar logo essa adversidade, com todo o apoio e carinho de sua família.
Abrs.
Eliana
...De Norton Seng:
Caro Marcos Cordeiro,
Obrigado por presentear-me com esse arrebatador relato que li como se estivesse com a respiração suspensa. Acabei de esfregar os olhos para ter
certeza de que estou aqui.
Você escreve muito bem. Parabéns! Aliás, já tive a oportunidade de dizer-lhe isso tempos atrás.
Meus votos de pronto restabelecimento e muita saúde, paz e sucesso.
Longa vida!
Norton
...De Milton Bertoco:
Gostei do relato, Marcos.
Mas espero que o amigo esteja vivo, pois, caso contrário, eu, que recebi a mensagem, também já fui para a melhor.
Boa recuperação.
Abraços.
Milton
...De Petronilo:
Também passei por isso. Meu problema foi um coágulo na cabeça e teve que ser aberta para retirada. Após a cirurgia ainda tive que ficar 20 horas na UTI, segundo o médico para ficar em observação. Graças a Deus deu tudo certo, mas antes ainda tive que brigar com a diretoria, pois de acordo com a lei do idoso eu teria direito a acompanhante, com todas as refeições e eles alegaram que não ssbiam disso. Recorri a um amigo e ele imprimiu a lei e levou ao hospital. Assim aceitaram.
Espero que sua recuperação seja breve para continuar com nossa luta por nossos direitos.
Fraternal abraço
Petró.´.
Meu blog: http://mandacarudosertao.blogspot.com/
...De Ernandes Mourão:
Engraçado. Dia 05/02 passado completou dois anos que passei a mesma coisa que voce. O meu dilema foi esperar das 8 as 13 horas, aguardando a vez em razão de urgencias que o medico teve que se fazer presente. Essa viagem para a Sala de Cirurgia é cruel. Vestido naquela roupa, sem cueca, vixi. E quando vai adentrar na sala, parece que vai dentro de um caixão, pois os pés da maca não entra. Quando ainda consciente na sala de cirurgia me senti um animal que iria ser abatido quando vi aquele monte de ferramentas e os medicos e enfermeiras no maior papo. Essa é de lascar.
A diferença que quem ficou comigo foi uma filha, quando voltei pra casa a noite do mesmo dia, já veio o filho homem mais a esposa.
Sim, recebi os cumprimentos da cachorrada, meio desconfiados. E nem chovia.
Mas mudando um pouco as apreensões e alegrias, o meu pior foi a infecção hospitalar que me apareceu após 4 dias. Ai foi duro. Ir todos os dias ao hospital para o próprio médico trocar os curativos. Tomei antibióticos fortissimos. Isso durou um mes. Foi durissímo.
Mas deu tudo certo, assim com o seu caso que vai ser e está tudo beleza, com certeza pela fortaleza da estrutura de quem comeu pirão de costela e farofa de cuscuz.
Levanta a cabeça que Deus está conosco.
Saúde. Esses dias conversaremos um pouco.
É Marcos, já passei por 3 viagens dessa, o pior trajeto é entre o ap e a sala de cirurgia. Mas graças a DEUS deu tudo certo. Cheguei aos 70. Desejo-lhe boa e rápida recuperação, para continuarmos a nossa luta. Abs. Mariano Branquinho
Caro colega, Marcos Cordeiro, acab ei de ler o seu relato, de cirurgia, que passou, que Jesus em sua infinita misericórdia, o proteja e ajude em sua recuperação, pois a nossa caminhada pela vida é ardua, levantai, colega e que tenha forças para continuar a caminhada. Tudo de bom, e feliz estamos em contar com seus sabios comentarios, em sem Blog. Colega Rubens, de Cambé-PR, lhe desejando tudo de bom e muita saúde, em nome do nosso Criador. É o que lhe desejo a voce e sua família.
...De Imma:
Prezado Marcos Cordeiro,
Belíssimo relato. Me faz lembrar o meu momento cirúrgico, aparentemente simples, mas também aterrador.
Com certeza você está muito vivo e a caminho da recuperação.
Meus votos de uma recuperação rápida.
Muita Saúde,
Imma
...De Zé Roberto:
Ao tempo em que lhe repasso mensagem sua publicada hoje, 03.03.15, no grupo Rede-Sos, torço para que você já tenha chegado à conclusão que continua VIVO E FORTE, para o bem de todos aqueles que lhe nutrem admiração, assim como eu.
Abraços de luz e PAZ,
Zé Roberto
Rio-RJ
...De Nasser:
Somente agora tive/estou tendo acesso a este seu relato.
E, pelo visto, posso gritar - já que seu cãozinho não o fez (latindo, obviamente): V I V A !!! Estás VIVO e entre nós !!! Que bom !!! Já sente isso ?
Espero e desejo que sim, ao ler este pequeno, porém sincero, júbilo que lhe faço, ao tempo em que lhe desejo prontíssima recuperação e imediato retorno à sua labuta, objeto de seu existir e que o faz sentir vivo e útil - como de fato o é.
SEJA, ENTÃO, CARO MARCOS, BEM VINDO À VIDA - em seu Primeiro de Março - pra sorte sua NÃO ESTAMOS EM ABRIL (senão seria uma piada, né... !!!) kkkkk
Boa sorte, recuperação e FIQUE COM DEUS !
Um @braço.
N A S S E R.
...De Giongo:
...De Giongo:
Prezado amigo Marcos,
Asseguro-lhe que tenho certeza de que está vivo, e bem vivo, os sinais vitais são muito bons, o talento continua forte. :)
Recebido por acaso, não pude deixar de lembrar deste pequeno conto de mestre Borges sobre o efêmero sonho, que chamamos de vida:
"As Ruínas Circulares
Jorge Luis Borges
Ninguém o viu desembarcar na unânime noite, ninguém viu a canoa de bambu sumindo-se no lodo sagrado, mas em poucos dias ninguém ignorava que o homem taciturno vinha do Sul e que sua pátria era uma das infinitas aldeias que estão águas acima, no flanco violento da montanha, onde o idioma zenda não se contaminou de grego e onde é infrequente a lepra. O certo é que o homem cinza beijou o lodo, subiu as encostas da ribeira sem afastar (provavelmente, sem sentir) as espadanas que lhe dilaceravam as carnes e se arrastou, mareado e ensanguentado, até o recinto circular que coroa um tigre ou cavalo de pedra, que teve certa vez a cor do fogo e agora a da cinza. Esse círculo é um templo que os incêndios antigos devoraram, que a selva palúdica profanou e cujo deus não recebe honra dos homens. O forasteiro estendeu-se sob o pedestal. O sol alto o despertou. Comprovou sem assombro que as feridas cicatrizaram; fechou os olhos pálidos e dormiu, não por fraqueza da carne, mas por determinação da vontade. Sabia que esse templo era o lugar que seu invencível propósito postulava; sabia que as árvores incessantes não conseguiram estrangular, rio abaixo, as ruínas de outro templo propício, também de deuses incendiados e mortos; sabia que sua imediata obrigação era o sonho. Por volta da meia-noite, despertou-o o grito inconsolável de um pássaro. Rastros de pés descalços, alguns figos e um cântaro advertiram-no de que os homens da região haviam espiado respeitosos seu sonho e solicitavam-lhe o cuidado ou temiam-lhe a mágica. Sentiu o frio do medo e na muralha dilapidada buscou um nicho sepulcral e se tapou com folhas desconhecidas.
O objetivo que o guiava não era impossível, ainda que sobrenatural. Queria sonhar um homem: queria sonhá-lo com integridade minuciosa e impô-lo à realidade. Esse projeto mágico esgotara o inteiro espaço de sua alma; se alguém lhe perguntasse o próprio nome ou qualquer traço de sua vida anterior, não teria acertado na resposta. Convinha-lhe o templo inabitado e derruído, porque era um mínimo de mundo visível; a vizinhança dos lavradores também, porque estes se encarregam de suprir suas necessidades frugais. O arroz e as frutas de seu tributo eram pábulo suficiente para seu corpo, consagrado à única tarefa de dormir e sonhar.
No começo, eram caóticos os sonhos; pouco depois, foram de natureza dialética. O forasteiro sonhava-se no centro de um anfiteatro circular que era de certo modo o templo incendiado: nuvens de alunos taciturnos fatigavam os degraus; os rostos dos últimos pendiam há muitos séculos de distância e a uma altura estelar, mas eram absolutamente precisos. O homem ditava-lhes lições de Anatomia, de Cosmografia, de magia: as fisionomias concentravam-se ávidas e procuravam responder com entendimento, como se adivinhassem a importância daquele exame, que redimiria em cada um a condição de vã aparência e o interpolaria no mundo real. O homem, no sonho e na vigília, considerava as respostas de seus fantasmas, não se deixava iludir pelos impostores, previa em certas perplexidades uma inteligência crescente. Buscava uma alma que merecesse participar no universo.
Continua na PARTE II
PARTE III - Final
O mago executou essas ordens. Consagrou um prazo (que finalmente abrangeu dois anos) para desvendar-lhe os arcanos do universo e do culto do fogo. Intimamente, doía-lhe separar-se dele. Com o pretexto da necessidade pedagógica, dilatava diariamente as horas dedicadas ao sonho. Também refez o ombro direito, talvez deficiente. Às vezes, inquietava-o uma impressão de que tudo isso havia acontecido... Em geral, eram-lhe felizes os dias; ao fechar os olhos pensava: Agora estarei com meu filho. Ou, mais raramente: O filho que gerei me espera e não existirá se eu não for.
Gradualmente, habituou-o à realidade. Uma vez determinou-lhe que embandeirasse um cume longínquo. No outro dia, flamejava a bandeira no cimo. Esboçou outras experiências análogas, cada vez mais audazes. Compreendeu com certo desgosto que seu filho estava pronto para nascer – e talvez impaciente. Nessa noite beijou-o pela primeira vez e enviou-o ao outro templo cujos despojos branqueiam rio abaixo, a muitas léguas de inextricável selva e pântano. Antes (para que nunca soubesse que era um fantasma, para que se acreditasse um homem como os outros) infundiu-lhe o esquecimento total de seus anos de aprendiz.
Sua vitória e sua paz ficaram embaciadas de fastio. Nos crepúsculos do entardecer e da alba, prostrava-se diante da figura de pedra, talvez imaginando que seu filho irreal praticasse idênticos ritos, noutras ruínas circulares, águas abaixo; de noite, não sonhava, ou sonhava como fazem todos os homens. Percebia com certa palidez os sons e formas do universo: o filho ausente se nutria dessas diminuições de alma. O propósito de sua vida fora atingido; o homem persistiu numa espécie de êxtase. No fim de um tempo que certos narradores de sua história preferem computar em anos e outros em lustros, dois remadores o despertaram, à meia-noite: não pôde ver seus rostos, mas lhe falaram de um homem mágico, num templo do Norte, capaz de tocar o fogo e não queimar-se. O mago recordou que de todas as criaturas que constituem o orbe, o fogo era o único que sabia ser seu filho um fantasma. Essa lembrança, apaziguadora no princípio, acabou por atormentá-lo. Temeu que seu filho meditasse nesse privilégio anormal e descobrisse de alguma maneira sua condição de mero simulacro. Não ser um homem, ser a projeção do sonho de outro homem, que humilhação incomparável, que vertigem! A todo pai interessam os filhos que procriou (que permitiu) numa simples confusão ou felicidade; é natural que o mago temesse pelo futuro daquele filho, pensado entranha por entranha e traço por traço, em mil e uma noites secretas.
O final de suas cavilações foi brusco, mas o anunciaram alguns sinais. Primeiro (no término de uma longa seca) uma remota nuvem numa colina, leve como um pássaro; logo, para o Sul, o céu que tinha a cor rosa da gengiva dos leopardos; depois as fumaradas que enferrujam o metal das noites; depois a fuga pânica das bestas. Porque se repetiu o acontecido faz muitos séculos. As ruínas do santuário do deus do fogo foram destruídas pelo fogo. Numa alvorada sem pássaros, o mago viu cingir-se contra os muros o incêndio concêntrico. Por um instante, pensou refugiar-se nas águas, mas em seguida compreendeu que a morte vinha coroar sua velhice e absolvê-lo dos trabalhos. Caminhou contra as línguas de fogo. Estas não morderam sua carne, estas o acariciaram e o inundaram sem calor e sem combustão. Com alívio, com humilhação, com terror, compreendeu que ele também era uma aparência, que outro o estava sonhando."
Abc do g.
...De Verônica Marques:
Companheiro Marcos Cordeiro,
Retire tais pensamentos de sua mente! Está claro e óbvio que você está vivo, homem de Deus. Não existe essa estória de "passagem" para outra vida. Paulo relata em sua carta aos hebreus, no capítulo 9:27-28: que só morremos uma vez e "após a morte, segue-se juízo, como confirma no livro de Apocalipse, escrito por João 20:11-15".
Aumente sua Fé em Deus, companheiro!
Paz e muita Saúde.
Verônica Marques
...De José Carlos Ramos:
Caro e admirado Marcos. Ainda bem que estás conosco.
Vida longa e próspera para ti..
...De Dr. Tadeu:
Prezado Sr. Marcos,
Cheguei hoje de Salvador.
Li o seu relato.
É muito interessante.
Que Deus lhe abençoe! E que o Sr. tenha plena recuperação para continuar a sua missão!
Abraço!
JOSÉ TADEU DE ALMEIDA BRITO
Advogado
Prezado Marcos.
Parabéns, por estar vivíssimo. Como disse o nosso conterrâneo,Zèamerico, em memorável discurso: Ninguem se perde no caminho da volta!
Sua história acontece milhares de vezes, diariamente, por esse mundo afora. Muitas, bem sucedidas; outras sofridas, mas toleráveis e, lamentavelmente, os percursos dos que não voltam. E, por não poderem relatar, deixam atônitos e sofridos os que ficam, investigando, sem resposta, o eterno mistério do fim da vida. O seu escrito, em vez de comover, alegra, pelo final feliz: Tem, até, cachorrinho. Seja bem-vindo!. Aristophanes.
...De Edison de Bem:
Caro amigo,
Para nossa felicidade estás vivo e, graças a Deus, muito vivo.
Nem penses em morrer, necessitamos de ti, da tua força, do teu carisma, da tua LUZ.
Deus será generoso conosco e permitirá que continuemos privando da tua amizade, lealdade e
combatividade. Sou feliz por ser teu amigo.
Saúde e Paz.
Abração. EDISON DE BEM
,,,De Cecilia Estivallet:
Prezado Marcos,
Invejo a sua verve literária e o saúdo pela brilhante capacidade de
traduzir seu mais profundo e humilde sentimento !
Folgo em saber que o sufoco já passou e que "estás de volta a vida" !
Obrigado por compartilhar conosco seu delicado momento.
Lhe desejo saúde, paz e muitos anos de vida e...
energia para continuar fazendo o brilhante trabalho que fez até aqui.
um abraço
Cecília Estivallet
Porto Alegre - RS
...De Filomeno José Linard Costa:
Caro colega Marcos.
Para seu conhecimento, posto, a seguir, correspondência por mim
endereçada ao Presidente da PREVI:
Exmo. Sr.
Geitiro Matsuo Genso
DD. Presidente da PREVI
Brasília – DISTRITO FEDERAL
Prezado Senhor,
EMPRÉSTIMO SIMPLES – Limite/Normas para Contratação – Felicito-o pela
nomeação para o cargo de presidente do maior Fundo de Pensão da
América Latina e desejo-lhe uma administração profícua e bem sucedida.
2. Nada obstante o momento conturbado por que passa a economia do
País, com reflexos negativos em nosso fundo de pensão, é de bom
alvitre levar ao conhecimento de V. Ex.ª a situação vexatória e,
porque não dizer, calamitosa dos aposentados e pensionistas, após a
suspensão prematura do pagamento do Benefício Especial Temporário –
BET e da retomada das contribuições em favor da PREVI, fatos ocorridos
em dezembro/2013 e com vigência a partir de janeiro/2014, causando uma
perda da ordem de aproximadamente 25% nos seus benefícios.
3. Para agravar o quadro, eis que surge a medida tomada pela atual
diretoria da PREVI em dezembro/2014, com vigência a partir de
janeiro/2015, alterando a metodologia de cálculo da margem
consignável, fato que veio inviabilizar as renovações do Empréstimo
Simples, única taboa de salvação que ainda restava para minorar a
combalida situação financeira dos assistidos do Fundo de Pensão.
4. Nesse sentido, fiz correspondência dirigida à PREVI, cópia anexa,
chamando à atenção para algumas falhas por mim constatadas em face da
Lei 10.820, de 17.12.2003, que regulamenta a matéria.
5. Apesar de ainda não ter recebido a correspondência que a Previ
alega ter mandado via correio, baseando-me no e-mail por mim recebido
e cuja cópia segue também anexa, discordo das justificativas nela
apresentadas, pelos seguintes motivos:
a) os valores dos benefícios pagos pelo INSS e não transitados na
fopag são considerados para efeito de cálculo dos benefícios
complementares pagos pela PREVI e para efeito do cálculo da
contribuição em favor da CASSI. Por que não os considerar também para
efeito da Margem Consignável, já que, para todos os efeitos, são
rendimentos dos aposentados e pensionistas? ...
CONTINUA na PARTE II
PARTE II
b) A Lei nº 10.820, de 17.12.2003, em seu Art. 2º § 2-II, estabelece
que o total das consignações voluntárias, incluindo as referidas no
seu Art. 1o, que trata de empréstimos, financiamentos e arrendamento
mercantil, não poderá exceder a quarenta por cento da remuneração
disponível, conforme definida em regulamento. Como se vê, não se trata
apenas de percentual máximo de descontos que podem ser efetuados em
Folha de Pagamento, como afirma a PREVI em sua resposta, pois o
percentual de 30% destina-se a abrigar tão somente as parcelas de
empréstimos, financiamentos e arrendamentos mercantis.
c) Não acredito seja o caso da PREVI se preocupar com o que diz a
resolução CMN 3792, de 24.09.2009, no que concerne às aplicações na
linha de crédito Empréstimo Simples, visto que elas não correm risco
de inadimplência, pois são debitadas em folha de pagamento,
assegurando, assim, a autoliquidez. Preocupação maior os dirigentes
desse Fundo de Pensão deveriam ter com as aplicações em Bolsa de
Valores, haja vista a volatilidade do mercado e, consequentemente, o
risco a que estão sujeitos os capitais ali investidos.
6. É de se lamentar a insensibilidade de alguns diretores ante a
lamentável situação financeira em que se encontram milhares de
aposentados e pensionistas, dentre os quais eu me incluo, levando-os a
trancar matrículas de filhos em Faculdades ou transferi-los para
Colégios da rede pública, em detrimento da boa educação, além de não
terem nem como apresentar propostas visando à solução de débitos
vencidos junto a Bancos, Financeiras, Cartões de Crédito, etc., pois o
líquido que recebem mal dá para o próprio sustento e de seus
familiares.
7. Diante do exposto, resta-nos, em última instância, apelar para o
espírito humanitário de que V. Ex.ª é portador e suplicar-lhe para
que, na qualidade de Presidente do Maior Fundo de Pensão da América
Latina, determine à Diretoria de Seguridade fazer estudo, em caráter
de urgência, visando alterar os parâmetros do Empréstimo Simples, com
a dispensa da observância da Margem Consignável, em caráter de
absoluta excepcionalidade, a fim de beneficiar todos os associados,
minorando, assim, seus problemas financeiros e oferecendo-lhes
oportunidade de se adequarem à nova realidade
.
CONTINUA na PARTE III
PARTE III - Final
8. Outrossim, espero que V. Ex.ª determine também, ouvida a
assistência jurídica da Casa e caso o meu questionamento esteja
correto, a revisão da nova metodologia para apuração da Margem
Consignável implantada em final do ano p. passado, com vistas ao seu
correto enquadramento em face da Lei supramencionada, o que favorecerá
a maioria dos assistidos que atualmente estão impedidos de renovar o
Empréstimo Simples, por falta de Margem Consignável.
9. Finalmente, peço-lhe vênia para sugerir R$ 180.000,00 como
limite, com prazo de 180 meses, o que favoreceria a solução dos
críticos problemas financeiros com que convive a maioria dos
aposentados e pensionistas vinculados à PREVI.
10. Na expectativa de contar com a sua inestimável intervenção no
sentido de solucionar o crítico problema financeiro por que passa a
maioria dos associados da PREVI, desde já agradeço e aproveito a
oportunidade para renovar protestos de estima e consideração.
Atenciosamente,
Filomeno José Linard Costa
Funci Apos. Matr. 3.288.840-6
Anexos: 02
Ps: Espero contar com o seu inestimável apoio na defesa dos interesses
do aposentado e pensionistas, a fim de que nosso clamor seja ouvido e
nossos pedidos sejam atendidos, minorando o quadro desesperador por
que passa os assistidos da PREVI.
Grato,
Filomeno
...De Marisa Moreira:
Ultrapassada a porteira, fiquei aguardando o meu filho que fora buscar o carro no estacionamento. Postei-me entre duas grandes colunas de sustentação do edifício e fui invadido por imensa solidão. Ainda mais que estava escuro lá fora e caía uma chuva fina. E ventava muito. Então notei que havia uma mulher por trás de cada uma das colunas que me ladeavam, talvez à espera de quem viesse busca-las. Mas logo uma a uma desceram a rampa que levava até a rua. E me senti muito só. Pouco depois, quando resolvi puxar conversa com o cidadão de fardamento azul constatei que estava inteiramente só naquele ambiente – ele havia abandonado o posto, talvez para se abrigar do vento frio que corria. Ou porque eu fora a última alma a receber alta naquele dia.
Marcos Cordeiro, Boa Tarde!
Eu li isto no dia que vc o postou. E nem sei mesmo ate agora como passar isto e que voce me entenda. Que coisa mais maravilhosa. Alem de extatica, me veio uma profunda leveza na alma. E reli.
Passou um dia, dois, vi no face e conversava com Deus do que en tinha entendido.
Meu amigo, não me chame de louca, não o sou. Nunca mais esqueça detalhes deste ocorrido.
Voce simplesmente tevem um ENCONTRO MARAVILHOSO com o Espirito Santo de Deus.
Jesus estava ali naquele lugar com voce, sabia da sua fragilidade, e nesta hora Ele é o unico socorro presente. Eu conheço isto Marcos, ja vivi varias destas experiencias com Deus.
Meu amigo, estou muito feliz, es um escolhido. Deus faz isto com todos os seus filhos, mas muitos não estão preparados para sentir Sua presença.
Mas o detalhe claro que isto que escrevo e certo,é que quando li, comecei a me arrepiar
e como se Deus me dissesse... Eu estava lá.
Sem condições amigo. Abraços do amor de Deus.
Desejo rápida recuperação ao nosso presidente Marcos Cordeiro. Nosso futuro está, sim, nas mãos de Deus. Enquanto estamos neste mundo, convém que lutemos contra injustiças, até para não estimular os desonestos e que não tem olhos nem ouvidos para os mais necessitados. E nessa luta a AAPPREVI, sob seu comando, é imprescindível. Notícias ruins para nós não tem faltado nos últimos anos de Dan, Marcel, Pimentel, PT etc ... Ainda agora o dr. Medeiros dá-nos conta de que a dupla do terror no STJ ( João Otávio Noronha, ex jurídico do BB! e Isabelli da Costa ), tal como fizeram com a mudança de jurisprudência de 9 anos no STJ a nosso favor nas ações da Cesta Alimentação, repetirão a dose nas ações RMI. Espero que não atinjam as ações JÁ JULGADAS no âmbito do TST quando da modulação pelo STF. Nunca precisamos tanto da ajuda de Deus e dos homens de bom coração.
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