Caros Colegas,
Recebi um “recado” um tanto sem graça através da Internet,
disparado por Colega que supunha fazê-lo com boas intenções. Porém, como a rede
em que foi postado segue a “doutrina Ricúpero” (rede-sos@yahoogrupos.com.br), me valho
deste espaço para responder o que me cabe:
EIS O RECADO
RECEBIDO:
Manoel Gomes escreveu a Chirivino:
Prezado
Chirivino!
Aprecio a
sua paciência e boa vontade em responder ao Sr. Marcos Cordeiro, mas
convenhamos que ele deve se achar para querer censurar o processo de
organização do MSU; uma coisa é fazer a crítica construtiva e eu mesmo já fiz
ao movimento; outra coisa é duvidar das intenções das pessoas da forma como
colocada!
A
pergunta que não quer calar e que sempre faço diante de situações como essas:
onde estava o colega Marcos Cordeiro nos anos 70/80 quando muitos dos que ele
costuma criticar e condenar estavam na frente de lutas reconstruindo a
resistência dos trabalhadores do Banco do Brasil, nas assembleias específicas
ou mesmo nos encontros estaduais e nacionais do funcionalismo? Alguma vez, ele
se submeteu ao crivo das urnas associativas ou sindicais? Alguém pediu a sua
opinião? Ele costuma pedir a opinião de pessoas de fora da associação que
preside?
Um
fraterno abraço!
Manoel Carlos Gomes
E a minha resposta (que
ainda não foi publicada pela Rede-SOS):
Prezado Manoel Carlos.
Satisfazendo sua curiosidade, informo que nos anos 60/70/80
eu estava trabalhando no campo como Investigador de Cadastro, primeiro, e como
Fiscal da CREAI, depois. Nessa época boa parte do mês era passado a percorrer
estradas carroçáveis para fiscalizar bens e culturas penhorados ao Banco. Uma
prova disto é o mapa da jurisdição da Agência em Itabaiana (PB) que, espero, ainda
enfeite as paredes da dependência onde me iniciei. E é com orgulho que atesto
ter sido esse mapa confeccionado por Paulo Gomes Florentino (falecido) e este
seu criado, em minucioso e bem elaborado trabalho mesmo sem sermos cartógrafos.
Tão eficiente e necessário foi o feito que constou em anotações em nossas “Fé
de Ofício”. E não é para menos, ele foi desenvolvido no espaço de meses de
estafantes peregrinações a pé; em lombo de cavalos; de Jipe; canoas e vadeando
amiúde o rio Paraíba com água na altura do peito em épocas de cheia (em Pedro
Velho, distrito de Aroeiras-PB). Em meio a esses anos somente me afastei do
Interior para frequentar cursos no DESED (CAIEX, COORD, CIPAD, MECANIZAÇÃO,
etc.).
Enquanto Investigadores de Cadastro, nosso trabalho consistia
em colher informações de pretensos mutuários do Banco e/ou promovendo a MOVEC,
atendendo homens do campo nas suas localidades e, depois, retornando para
cobrar os mútuos não honrados. Por fim, exercendo as funções de Fiscal da CREAI,
já sem parcerias, o repasto que me permitia ingerir consistia basicamente em
farinha com carne seca e rapadura - levados no indispensável embornal. Nessa
dieta forçada, quando muito me dava ao luxo de acrescentar sardinha em lata
como suprema iguaria. Não havia refrigerantes, nem água mineral ou cervejinha
para minorar a sede. O líquido de subsistência era água de barreiro com
aparência de “Toddy”, mas rico em organismos nocivos, como as amebas que
cultivei a contragosto durante muitos anos da minha vida. Aliás, em que pese os
cuidados higiênicos, foi a época em que mais me assemelhei a um “criador”,
tantos eram os bichos que carregava comigo eventualmente (piolhos do cabelo,
chatos e percevejos adquiridos em pernoites nas redes de “hóspedes” das
fazendas visitadas, mais as amebas e giárdias dos líquidos ingeridos e não
tratados na origem, mas tratados com esconjuro pelo Dr. Santiago no Hospital de
Itabaiana, onde passava por desinfecção antes de voltar para casa, depois de cumprida
a jornada mensal). Também, à época vivenciei o risco de contrair o mal de
Hansen em visitas periódicas à comunidade agrícola de leprosos radicada nos
extremos de Ingá/Itatuba-PB. (A
lepra é uma doença transmissível causada por uma bactéria. Ela progride
lentamente com uma média de período de incubação de 3 anos). Enquanto isso, colegas do mesmo
concurso, e de melhor sorte, faziam carreira nas agências das capitais e
grandes Cidades frequentando luxuosos gabinetes em clima de ar condicionado.
Uns, ao embalo da própria capacidade, trilhavam o caminho ascendente até as
dependências da DG. Outros, nem tão capazes funcionalmente (mas mestres na arte
da bajulação e exercício da preguiça parasitária) se inseriam nos grupos
formadores do nascente sindicalismo, dedicando-se a fomentar greves e fazer
piquetes para exigir mais de quem já lhes dava muito, sem, no entanto, a
contrapartida de derramar sequer uma gota de suor nessa lida “estafante”. A
estes devemos o estado calamitoso da exploração política em que se encontram
nossas duas Caixas, hoje manobradas por eles para satisfazer vontades políticas
espúrias. Há, ainda, os que brilharam ocupando cargos de Superintendentes,
Diretores e, até, Ministros de Estado – falo dos que ingressaram na mesma época
e não se submeteram a viver como desbravadores iguais a mim.
Portanto, caro Colega Manoel Carlos Gomes, não sei em que
contingente você se insere, mas, com absoluta certeza, e mesmo tendo sido um
excelente servidor do Banco do Brasil, jamais poderá dizer que serviu à Casa e
ao País em maior e melhor escala de valores do que eu. Faço votos de que
continuemos empatados nessa avaliação.
E acrescento: Nunca fui sindicalista. Nunca exerci cargo
público. Nunca me candidatei a nenhuma posição em Associações de Classes e
desde 2009 dedico minha vida de “inativo” a ajudar Colegas Aposentados e
Pensionistas através da AAPPREVI - www.aapprevi.com.br - que fundei e presido até os dias
de hoje por força dos votos conquistados em escolha lídima. Associação esta que
você também escolheu para ser sócio, soube. E ela está aberta para acolher quantos
acreditem no trabalho honesto, desenvolvido por dez dirigentes idealistas que
elegeram o ser humano espoliado como objeto de assistência desinteressada, pois
trabalham de graça no desempenho das funções delegadas. Eu, entre eles.
Curitiba (PR), 14 de fevereiro de
2016.
Atenciosamente,
Marcos Cordeiro de Andrade
Matrícula nº 6.808.340-8
Posse no Banco em 15/05/1962
Matrícula nº 6.808.340-8
Posse no Banco em 15/05/1962
Marcos Cordeiro de Andrade – Curitiba
(PR), 14 de fevereiro de 2016. www.previplano1.com.br