Marcos Cordeiro de Andrade
Curitiba (PR), 12/09/2016.
Caros
Colegas.
De há muito cultivo duas suspeitas em relação às eleições na
PREVI.
Creio que sua serventia primeira é dar emprego a quem tem
amigos influentes na mídia previdenciária e no topo das Entidades de
Aposentados e Pensionistas que desvirtuam suas finalidades.
Em segundo lugar, se prestam essas eleições a que grupos
interesseiros coloquem lá dentro elementos que trabalhem em seu benefício,
tendo em vista o patrimônio passível de utilização através de investimentos nem
sempre pautados na boa governança. Que o digam as recentes informações
veiculadas na mídia denunciando falcatruas nos Fundos de Pensão. A PREVI entre
eles.
Para figurar como candidato está claro que a capacitação é
secundária, e quem ousar lançar nomes meritórios será fragorosamente derrotado
pela imbatível máquina eleitoral, quando entram em cena os partidários do
patrocinador. A ele e ao Fundo só
interessam eleitos manipuláveis - subordinados a códigos particularíssimos.
A par disso, as características comuns aos candidatos a
cargos na PREVI se entrelaçam, passando pelo apadrinhamento nos apoios e o
anonimato dos nomes que nos impingem, mas cujo desconhecimento no nosso meio se
extingue com a candidatura. Até esse momento somente são notórios em certas
algibeiras dos relacionamentos íntimos, cujas ligações com os fabricantes de
chapas eletivas se comprovam pelos apelidos registrados. A partir daí passam a ser notáveis nos
folhetos distribuídos, onde se apresentam como defensores dos oprimidos pela
dupla BB/PREVI. E é também quando se aproximam dos eleitores exercendo
intimidade nunca dantes existente. Ou choramingando como humildes sofredores
que “sempre” vestiram a camisa do BB. Chegam à desfaçatez de declarar guerra ao
pretenso futuro patrão. Até que, depois de eleitos, o dinheiro fácil no bolso
os transformem de lobos ferozes em cordeirinhos amestrados - a lamber a mão que
os alimenta. E os eleitores que se danem.
De mais a mais, esses sortudos candidatos saídos do além via
de regra são crias de sofisticados gabinetes, que passaram pelo Banco e não
trabalharam nele. Que fizeram “carreira” sem derramar um pingo do suor do rosto.
Que desconhecem o outro Brasil em que muitos deixaram suas marcas como se fora
dinossauros na lama da história, ou em pinturas rupestres como habitantes
primitivos. São deploráveis os candidatos que cedo aprenderam o ofício da
bajulação com a cara de pau que Deus lhes permitiu ter. E com essa mesma cara
de pau seguem pedindo votos para exercer sinecuras, que são os empregos
rotulados de “Eleitos da PREVI”, com direito a mordomias atreladas a
escandalosos salários de cinco dígitos e bônus corporativos fora do alcance dos
assistidos da PREVI. E essas benesses são disponibilizadas aos eleitos para
exercer mandatos como prêmio do menor esforço. Com exigência máxima de
comparecer esporadicamente às reuniões dos Conselhos, talvez apenas
desempenhando o papel de vaquinhas de presépio obedientes ao patrocinador.
Pois, se assim não for, RUA! O que faz supor a contumácia das duvidosas
renúncias que proporcionam eleições extemporâneas como esta de que tratamos
agora.
Enquanto isso, os aposentados e pensionistas, verdadeiros
donos da PREVI, seguem implorando por melhorias nos benefícios, ou mesmo a
possibilidade de renovar o Empréstimo Simples – esperança última dos
endividados - concedido com nosso dinheiro e cobrado com incidência de um sem
número de taxas e juros compostos. Aliás, gostaria de conhecer algum benefício
que essas eleições tenham nos proporcionado algum dia. Mudam as caras, mas não
mudam as regras. E elas são sempre contra nós – as caras e as regras.
Nesse contexto, é inconcebível que as chapas que elegem esses
enganadores da nossa boa fé nos cheguem ao conhecimento como num passe de
mágica, ou como fruto de geração espontânea. Seus fabricantes não se preocupam
em explicar como se dá o processo da escolha na composição. E muito menos
dirigem consulta prévia aos que serão usados como empregadores desses
escolhidos. Isto porque, nós, os eleitores, mesmo sem possuir CNPJ que nos
capacite a dar emprego a alguém, por menor que seja na escala profissional,
somos alçados à responsabilidade de empregar aproveitadores para gerir um
patrimônio da ordem de 160 bilhões de reais, na ocupação de cargos de
Dirigentes (autênticos manobreiros) do maior Fundo de Pensão da América do Sul.
Se não bastasse, depois de tudo ainda somos bombardeados com
a enganosa propaganda eleitoral milionária, com irritantes chamamentos para
votar no candidato x, y ou z – desconhecidos todos.
Vale registrar que, embora os semeadores de candidaturas
temerárias teimem em ignorar nossa capacidade de discernimento, as estatísticas
divulgadas preveem que, dos 106.278 aposentados e pensionistas aptos a votar
neste pleito somente 25% deles comparecerão às urnas, em que pese as
comodidades postas à disposição através da internet e do 0800 da PREVI. Estes
dados, pelo caráter esclarecedor, corroboram a pertinência das minhas
suspeitas.
A despeito disso, a pressão exercida pelo patrocinador sobre
o pessoal da ativa se encarregará de eleger quem o Banco determinar, ajudado
pelos parceiros sobejamente conhecidos.
Por tudo isto, daqui faço um apelo aos honestos e
bem-intencionados candidatos. Enquanto viger o estatuto atual, as eleições para
preenchimento de cargos na PREVI têm datas previsíveis. Assim sendo, agendem
desde já suas candidaturas fazendo campanha independente para que se façam
conhecer. E, reforçando a pretensão, divulguem suas declarações de bens do IR
dos últimos cinco anos e registrem em Cartório um termo de doação do que venham
a receber além do bruto do seu contracheque da PREVI, se eleitos. As
Instituições de Caridade ficarão agradecidas.
E é bom lembrar que em rio que tem piranha jacaré nada de
costas.
Não estou pedindo muito, apenas que sigam meu exemplo. Sou
presidente não remunerado de uma Associação de Aposentados e Pensionistas e,
mesmo sem nunca ter sido candidato a cargos fora dela (AAPPREVI), tornei
públicas minhas declarações do IR e os contracheques da PREVI, única fonte de
renda que me sustenta desde 15 de maio de 1962, data da posse no Banco e de
filiação às nossas CASSI e PREVI.
Atenciosamente,
Marcos Cordeiro de Andrade