A CULPA NÃO É DO MORDOMO – NEM DO APOSENTADO
Marcos Cordeiro de Andrade
Curitiba (PR), 29/04/17.
Caros
colegas,
A negatividade absoluta representada pelo “NÃO” é um fator
assustador para quem deseja manter-se ajustado à condição de vida abraçada. Ainda
mais quando essa condição envolve o dia a dia determinado pela aposentadoria.
Vale lembrar que o vocábulo aposentadoria comporta vários
sinônimos. Mas nenhum deles espelha melhor o significado senão aquele
registrado a seguir:
“O termo aposentadoria ou reforma
refere-se ao afastamento remunerado que um trabalhador faz de suas atividades
após cumprir com uma série de requisitos”.
Todavia, e lamentavelmente, mais uma vez as redes sociais focadas
em nossas Caixas culpam o aposentado pelo fracasso da recente campanha do NÃO
avalizada.
De notar o fato de que a culpabilidade imputada é enfatizada
pela estatística do percentual dos votantes neste pleito – e nos demais por
extensão.
Mas será do aposentado a tarefa de votar para corrigir
impropriedades apontadas no seio das suas Caixas?
Se já não bastassem os encargos familiares, querem também que
ele se ocupe de fiscalizar o trabalho de quem ocupa cargos remunerados – sem o
seu voto.
Cabe ressaltar que os aposentados oriundos do Banco do
Brasil, hoje na faixa etária dos 60/90 anos, são de uma época onde o computador
não ocupava espaço em suas vidas. E contam-se em números pequenos aqueles que
se assenhoram da manipulação desse instrumento. Mesmo assim, se tratam dos que
habitam grandes Cidades ou que tenham desenvolvido interesses próprios com essa
exigência. Isso explica o alheamento condenado.
Na realidade, nisso tudo o aposentado é um destacado
cumpridor do papel escolhido. Ao optar pela aposentadoria, sopesadas as
consequências, assumiu a postura que lhe é devida e a mantém até os dias atuais,
pois, sem descuidar dos compromissos assumidos, manteve-se fiel à CASSI, à
PREVI e ao Banco, nessa ordem. Às Caixas entregou para serem cuidados os destinos
da Previdência e da saúde (sua e dos dependentes) ao continuar honrando
contribuições. E ao BB permaneceu fiel como o gerenciador dos minguados
recursos atrelados aos benefícios previdenciários.
Com isto, positivamente sua parte está sendo exercida sem
fugas ou escusas. A propósito do quê, entende não ser sua função fiscalizar o
trabalho dos gestores responsáveis pelo conjunto BB/CASSI/PREVI. Essa tarefa é
pertinente aos normativos que os regem, que sempre serviram em épocas passadas,
enquanto na ativa. Por que, então, não
serviriam agora, depois de esparsas modificações havidas?
Portanto, ao invés de atormentar o aposentado com cobranças
infundadas, procurem reverter a estatística em que se louvam. Abordem o pessoal
da ativa, que decide todos os pleitos na abrangência de que se trata. Trabalhem
pela elaboração de chapas limpas para ocupação de cargos, possibilitando
atuações honestas e produtivas sem margem para desvios de conduta. Incentivem
as Associações exigindo o cumprimento dos preceitos estatutários. Divulguem o lado produtivo cuidado pelos
eleitos. Publiquem entrevistas sérias envolvendo essas pessoas, mais os gestores
das Clini-Cassi e os médicos credenciados. Busquem conhecer suas carências e as
causas das falhas apontadas. Aproximem-se dos Gestores máximos das Caixas e do
Banco em reuniões requisitadas para permuta de conhecimentos. Ocupem suas Redes
com esses tópicos. Afinal, são gente como a gente, via de regra saídas do nosso
meio. Por certo não se furtarão em ajudar.
Ao contrário, por que somente tratam de assuntos
catastróficos como má gestão, mal atendimento, descredenciamentos,
destituições, nomeações irregulares e assuntos que tais?
Por que as manifestações de desagrado ocorrem apenas em época
de votações?
Por quê, ao final e ao cabo, o aposentado é apontado como
responsável por fracassos eleitorais? Será possível ganhar qualquer votação se todos
eles votarem? Não, pelo que se vê.
É sintomático o exemplo tirado do pleito encerrado ontem, não
muito diferente dos demais já ocorridos. Onde é fato inconteste que os ativos
decidem qualquer disputa do interesse do Banco. Porque este, como é sabido, tem
na área de comunicação o fator decisivo para influenciar os funcionários em
atividade – votantes quase que compulsoriamente.
Então?
Que falta faz um punhado de aposentados que resolveu se
encolher em sua concha protetora para vivenciar a velhice? Não se justifica
querer obrigá-los a fazer cursos de informática, adquirir apetrechos caros para
saber das notícias pela |Internet (nem sempre promissoras) envolvendo suas
Caixas. Não é justo obrigá-los a exercer o direito de voto como se fora em
pagamento de uma condenação, pois, se para tal terão que sair do conforto do
lar a contragosto – coisa que não é exigida a ninguém mais. Ou querem que eles
abdiquem da autoridade adquirida na formação da família e, agora, confessem
ignorância e dependência para recorrer aos “préstimos” de netos adolescentes – roubando-lhes
parte do tempo que usam no manuseio da parafernália informática - para, ao
término, se inteirar de coisas que, no fundo, preferem ignorar. Também, e a bem
da verdade, ao aposentado tudo que lembre obrigação fora do corriqueiro, no
sentido impositivo, soa como abominável palavrão. Pelo que já fez, pelo que já
sofreu, e pela escolha da inatividade como estilo de vida, mereceria mais
respeito daqueles que, com uso da mídia informatizada, se acomodam como
censores na condenação do seu “querer viver sossegado”.
Por tudo isto, entendam que, se o culpado por esse “crime” não
é o MORDOMO, também muito menos é o APOSENTADO.
Mesmo assim, continuem vigilantes, mas, por favor, NOS DEIXEM
EM PAZ.
Marcos
Cordeiro de Andrade
Aposentado
matrícula nº 6.808.340-8