Colega ou cúmplice?
Marcos
Cordeiro de Andrade
Curitiba (PR), 17 de abril de 2017.
Caros
colegas,
Trabalhadores em uma mesma empresa são considerados colegas
de trabalho. Mas não são, necessariamente, colegas de profissão na medida em
que se dediquem a outros ofícios, paralelamente.
Por isso, reluto em chamar determinados funcionários do BB de
meus colegas, notadamente àqueles que engrossam as páginas policiais acusados
de corrupção. Esses, diferentemente da esmagadora maioria, felizmente são
exceção à regra que classifica os bons funcionários, probos e leais
.
Enquanto os exemplares colegas integrantes da grande família
do Banco do Brasil se orgulham da profissão abraçada, o mesmo não se pode dizer
dos que traíram a confiança na representatividade de uma classe, pois a abissal
distância que os separa teve crescimento acelerado a partir do ingresso na
Casa. E o modo como se deu essa iniciação.
Conhecido como tão rigoroso quanto os mais difíceis
vestibulares da época, o concurso do Banco do Brasil, quando participei, fez
história como celeiro de reposição para a alta esfera do Governo Federal, tal a
grandeza de caráter e capacidade de trabalho dessa “casta” assim criada.
No entanto, depois de permitido o ingresso sem concurso
público, literalmente pelas janelas do Banco, a seleção ficou prejudicada pela
promiscuidade permitida no convívio outrora salutar.
Alguns apadrinhados contratados como Menores Aprendizes ou Menores
Estagiários, fugidos da rigorosa seleção, acostumaram-se com a facilidade de
fazer carreira sem obstáculos a vencer, uma vez que na sua corrida em direção
ao topo desconheciam as regras da livre concorrência, e continuaram se valendo
de padrinhos para esmagar quem merecidamente estivesse à frente na disputa por
cargos. Mas quis o Bom Deus que esses indigitados fossem crias esparsas de uma
época, e cujo conceito criado não atingiu a todos que entraram no Banco de
igual modo.
E hoje, revendo meu passado no Banco, igual ao de tantos
outros colegas, me pergunto se valeu a pena tantos anos de abnegada dedicação,
recheada de sofrimentos impostos pelo exercício da profissão em lugares ermos,
infestados de doenças transmissíveis, com assistência médica precária, o convívio
com a desgraça da seca e seus humilhados participantes.
VALEU A PENA, sim, pois não me tornei um subserviente comensal
de ministros e Presidentes, mas partilho a mesa com meus familiares com o fruto
da merecida aposentadoria do Banco do Brasil.
Valeu a pena, sim, pois sinto orgulho dos colegas iguais a
mim.
Valeu a pena, sim, pois somos fruto da maior escola de
cidadania que o Brasil já conheceu.
Valeu a pena, sim, pois lá aprendemos a ser honestos - sem
favoritismos.
Valeu a pena, sim, porque corrupto não tem colegas. Tem
cúmplices.
Marcos
Cordeiro de Andrade
Matrícula nº 6.808.340-8
Posse no Banco: 15/05/1962
Matrícula nº 6.808.340-8
Posse no Banco: 15/05/1962
11 comentários:
Querino Anschau
17 de abril às 07:30
Marcos, sua história no BB é similar a de muitos que vestiram com orgulho esta camisa, símbolo de uma época que se podia confiar na instituição do BB, por que por trás existia uma congregação de profissionais da mais alta qualidade, seletivamente chamados(escolhidos) pelos rígidos exames para seu ingresso. Doi quando vemos estes valores serem pisados e varridos por dirigentes mal escolhidos e mal intencionados...
Bom dia Sr. Marcos!
Belo texto. Por isso sou a favor da meritocracia.
Atenciosamente,
Eliane Lima
Advogada - Lima & Silva Advogados
Verdi Barros Bezerra compartilhou a sua publicação — em Atlante Plaza
27 min · Recife, Pernambuco ·
É com enorme satisfação que compartilho esta manifestação da lavra do colega Marcos Cordeiro de Andrade a quem tive o prazer de conhecer nos idos de 1962 em ITABAIANA-PB. Atualmente presta um relevante trabalho aos colegas do BB presidindo a AAPPREVI que tem sede em Curitiba, onde reside. É isso aí PINO, parabéns pelo exemplar serviço prestado e a equipe da associação que vc dirige.
Bosco Filgueiras compartilhou a sua publicação.
2 h ·
Obrigado pelo libelo que defende os verdadeiora Coleģas do BB.23
Posse no Banco: 23.09.1961
Caro Colega,
Parabéns pelo texto. Comungo do mesmo pensamento e nas minhas rodas de "chimarrão" com também colegas aposentados muito abordamos essa linha de pensamento.
Cordialmente
Jorge Newton S. Gonçalves
Prezado Marcos Cordeiro,
Parabéns Marcos! Seu depoimento reflete os verdadeiros COLEGAS que fizeram suas carreiras com HONESTIDADE
Abraços,
Ronaldo
Marcos amigo querido
Relembro, com frequência, um colega, que trabalhava na agência de São Luís do Maranhão, e, feliz, seguiu para fundar, numa cidade do interior do Estado, lá pelos distantes anos da década de 60 do século passado, uma agência do BB. Poucos anos passados, vi-o pálido, com os traços da morte no rosto, regressar atingido por moléstia infeciosa tropical. Um mártir do progresso do Brasil, da empresa BB e do bem-estar da própria família. Um mártir do trabalho, da responsabilidade e da Vida. Ainda hoje comove-me esta história real.
Edgardo Amorim Rego
Endosso as palavras do colega Marcos Cordeiro. O Banco tem que se livrar desta quadrilha urgentemente.
Mauro José Esperança
Bravo Marcos Cordeiro.
Compartilho do seu orgulho de ser um cidadão do bem.
Abraços.
Saúde e Paz.
Jorge Luiz Taveira
5.155.958-7
Rio de Janeiro- RJ
Parabéns, Marcos!
VALEU A PENA, SIM!
Sem honra nem dignidade, como encarar familiares e amigos? Aqui no Ceará, costuma-se dizer que a pessoa de caráter tem que ter vergonha na cara pra dar e vender.
Um forte abraço
Robério Mendonça
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