Um Natal diferente
Marcos Cordeiro de Andrade
Vejo o NATAL bem diferente das demais épocas do ano, no
sentido humanitário. Nele encontramos
indícios de paz por todos os cantos. Em casa, nas ruas e nos corações do mundo.
Por isso é justo supor que o espírito natalino habita cada ser humano em louvor
do aniversariante - que reina absoluto em céus e terras da cristandade no mês
do seu nascimento, mais que em qualquer outro, certamente.
Respeitando esse entendimento, meus Natais sempre exibiram
essa marca. A diferenciação entre eles. Mesmo se festejados em lugares
repetidos, nunca invejei aquele que passou, porque o seguinte ocupava lugar de
destaque com fatos novos envolvendo situações e pessoas. E isso se deu por
cerca de quatro décadas, desde quando conheci a companheira da minha vida – a
pequenina e meiga Sônia que gerou e lapidou a joia rara que é o filho único que
Deus nos deu – o elo forte da corrente que me prende à vida. Juntos, os três,
habitualmente desfrutávamos os Natais sozinhos. Em casa, na rua, acampados. Bebíamos
o mel da compreensão e do companheirismo, dirigindo preces pedindo que nossa
felicidade tocasse os amigos e entes queridos, fazendo-os felizes também. Reconheço
agora que a recompensa pela harmonia desses Natais se espalhava pelos outros
dias do ano. Deus cuidou para que assim fosse, e Suas bênçãos se faziam sentir
nesse convívio a três. Nunca nos agredimos. Nunca nos ferimos. Nunca nos diminuímos.
Nadávamos juntos no imenso e calmo lago azul dos sonhos. Sempre nos amamos.
E hoje, lembrando todos os Natais que passamos juntos, vem a
certeza de que o próximo será o mais diferente de todos. O mais triste. Mais
solitário porque vivido a dois, somente. Não festejado, por isso mesmo, pois choramos
a morte da minha eterna e querida companheira que nos deixou pela vontade de
Deus.
Sem sua presença não serei capaz de reviver um Natal como os
de outrora. Sem ela não terei rotina a mudar. Ou situação nova a criar. Não
distribuiremos presentes. Nem os compramos, sequer. Não terei sua ajuda para
enfeitar a árvore de Natal, nem para preparar a ceia da noite Santa. Não
cearemos juntos. Nunca mais, seja Natal ou outro dia qualquer. Não assistiremos
à Missa do Galo. Não veremos o espocar dos fogos de artifício no limpo céu de
verão. Não terei com quem viajar mais o meu filho. Não ficaremos acordados juntos
até o retorno dele, tarde da noite, preocupados com sua segurança como nos
tempos de adolescente indefeso. Enquanto na solidão que a morte me trouxe,
sinto que também morro um pouco neste Natal, desejando que ele seja melhor e
mais Feliz para todos os que me leem. E eu seguirei remoendo o passado pensando
nela e lhe dedicando orações. Até que, no reencontro da eternidade, nós dois,
ela e eu, abençoados por Deus voltemos a ter outro Natal diferente.
...Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,
Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!
Júlio Salusse
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!
Júlio Salusse
Marcos Cordeiro de Andrade
Curitiba (PR), 24/11/17
6 comentários:
Companheiro,
faça como antes: comemore o Natal - como antes. Embora você não possa ver, Ela estará com vocês. E feliz. Att Eder Casal.
Marcos, que dor a sua! Lembre-se. porém, de que ela teve a sua companhia até o final.
Um abraço fraterno do Edgardo
Prezado Sr. Marcos,
Muito linda essa declaração de amor, de cumplicidade e respeito à saudosa Sra. Sonia (e ao seu amado filho Marcos Junior).
Eu e minha família, mesmo com ausência de alguns entes queridos que residem distante, temos festejado de forma simples e singela o nascimento do SENHOR JESUS CRISTO.
Eu iria fazer isso pessoalmente, mas quero aproveitar essa oportunidade para convidar o Sr. e o Marcos Júnior para comemorar o natal conosco , em minha residência (dia 24 de dezembro de 2017, a partir das 21:00h).
Será um enorme prazer termos vocês conosco, pois além de nosso relacionamento profissional, os laços de amizade que nos ligam são muito mais sólidos e isso contribui para a sustentação de nosso relacionamento.
Com apreço!
JOSÉ TADEU DE ALMEIDA BRITO
Caro Marcos Cordeiro,
Belíssima a sua mensagem.
A saudade é a última expressão do amor quando o objeto dele está ausente.
É coroada pelo desejo do reencontro numa dimensão superior, sem os sofrimentos de depuração que caracterizam o plano atual. E o reencontro certamente acontecerá.
Aproveito para, mesmo com antecipação, desejar-lhe boas festas e um feliz ano novo. Que não se sinta só nesse período festivo. A sua companheira certamente estará junto a você.
Abraços
Ebenézer
Uma linda declaração de amor, de vida! Que Deus lhe fortaleça em nome desse amor!! Um bom Natal e muita saúde!!
Vânia Alves.
28/11/2017
Sai acordo que cobre as perdas de planos econômicos
Clayton Castelani
do Agora com Folha De S.Paulo
Poupadores prejudicados pelos planos econômicos das décadas de 1980 e 1990 poderão receber parte das perdas que tiveram em seus investimentos há até 30 anos.
A AGU (Advocacia-Geral da União), a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), a Febrapo (Federação Brasileira pelos Poupadores) e o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) anunciaram ontem um acordo que pode resultar no pagamento de aproximadamente R$ 15 bilhões para esses donos de cadernetas de poupança ou os seus herdeiros, encerrando assim uma disputa judicial que se arrasta nos tribunais do país há cerca de duas décadas.
O desfecho, porém, ainda dependerá da análise que o STF (Supremo Tribunal Federal) fará sobre os termos negociados. Somente após a confirmação da corte é que a negociação poderá ser considerada válida. Em 2010, o STF determinou a suspensão dos julgamentos de 400 mil ações sobre esse tema.
Fonte: Jornal Agora S.Paulo.
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