RECADO AO
PATROCINADOR
Marcos Cordeiro de
Andrade
Curitiba (PR), 01 de
junho de 2019.
Caros colegas,
Falar
sobre a propriedade do que deva constar em uma nova consulta é chover no
molhado, os protagonistas estão cansados de saber. Por isso, neste pretenso
recado vou me ater à dinâmica que entendo deva ser seguida para pôr fim à
lenga-lenga que já cansou a paciência de quem a tinha.
À parte conclusões alarmistas, me dou o direito de supor que
está tudo errado nas tentativas de equacionamento da calamitosa situação a que
chegou a CASSI, por conta da moleza na condução do assunto.
Até parece que tanto o Banco quanto a Caixa querem promover as
mudanças alardeadas vencendo pelo cansaço, pois repetidamente usam das mesmas
estratégias para fazer valer seus posicionamentos, quando todos sabemos que
decorrido determinado tempo o assunto alcançará outro patamar. E a corda vai
arrebentar do lado dos mais fracos – nós, no caso.
O modelo criado para angariar adeptos das mudanças
estruturais peca na essência por falta de abordagens produtivas, e na medida
certa. Uma vez identificados os pontos nevrálgicos que culminaram no que aí
está, o Banco e a CASSI uniram esforços objetivando alterações estatutárias.
Esse procedimento serviria para dilatar o gargalo que impede a elevação da
capacidade financeira, a par da urgência para se chegar a um consenso na
aplicação das medidas reconhecidas para salvar a CASSI.
Porém, ambos se auto engessaram na repetição de planejamentos
sobejamente inadequados na esfera do convencimento. Isto porque, sabendo-se que
o cerne da questão envolve, tão somente, mudanças nas regras que regem o relacionamento
BB/CASSI, para adaptação às novas necessidades conjunturais, não seria demais
usar de bom senso em direção ao consenso.
Mesmo supondo que cuidaram acertadamente da promoção de
mudanças necessárias, pecaram na elaboração da nova carta Estatutária. Como erro
incorrido tem-se a inserção no documento de cláusulas visivelmente danosas aos
participantes – sem desnudá-las convenientemente. E deu no que deu. Quando levadas
à apreciação do Corpo Social caíram na vala da desconfiança em duas ocasiões
próximas.
É nisso que está tudo errado. Faltou jogo de cintura de todos
da cúpula para conquistar a confiança dos eleitores. Igualmente faltou ouvir
acreditados comentaristas e reconhecer a propriedade dos seus argumentos.
Também, a corroída mesa de negociações já não tem
credibilidade para atuar na defesa dos aposentados e pensionistas, posto que
essas lideranças agem como verdadeiros cupins a corroer a mesa em que
depositamos nossas esperanças de melhores dias. Tudo porque, a cada interferência
para tratar de assuntos envolvendo o Patrocinador e nossas Caixas, a visão que
se tem é de um quadro clonado de tantos outros que já se nos mostraram trazendo
prejuízos. Por conseguinte, além de vorazes cupins lembram na postura de
resultados vacas de presépio diante do patrocinador.
Ademais, sabendo-se que o resultado das campanhas pelo “SIM”
e pelo “NÃO” sempre penderá para o lado mais convincente (mesmo que não seja
ele o de resultados mais apropriados) há que se cuidar de mudanças, também aí, fazendo
ouvido mouco aos pretensos “experts” em favor de quem verdadeiramente entenda
do riscado.
Com relação às expectativas, não é exagero dizer que o
equacionamento da questão somente ocorrerá quando o “SIM” ganhar plenamente, em
consenso majoritário. É o que preconiza o Estatuto, e isso dependerá da
flexibilização com que o Banco e a CASSI cuidem das novas proposições.
Ceder é preciso, pois falta potência no caminho do
convencimento em direção aos interessados, notadamente aposentados (que já
demonstraram a força do seu voto em várias ocasiões). Se explorado esse filão
decisório com campanhas esclarecedoras certamente o rumo dessa prosa será alterado.
Nesse ponto, poder-se-ia utilizar as interferências de abalizados conhecedores
dos assuntos da CASSI, sem exceções, com suas opiniões coincidentes sendo utilizadas
para colaborar numa campanha robusta, talvez até nos moldes das “Caravanas da
Alegria” de que se vale a PREVI usualmente. Além, é claro, da abordagem direta
e nominal levando esclarecimentos consistentes, pois a CASSI tem TODOS os
e-mails dos associados.
Para tanto, também seria conveniente a criação de um
“Conselho” de notáveis para servir de “Reserva Nutritiva” à disposição do
Patrocinador, destinado a engordar o que é posto à Mesa de Negociações. Esses, sem
vínculo comprometedor com correntes contrárias aos interesses de aposentados e
pensionistas, facilmente seriam reconhecidos como cabos eleitorais do bem.
Entendo, portanto, que o resultado dos desencontros é fruto da
desinformação. E tantas vezes essas campanhas se repitam nos mesmos moldes,
igualmente serão rejeitadas – sejam boas ou más.
Também entendo, por fim, que a solução para esse
cabo-de-guerra repousa no abrandamento do seio da proposta e num acerto nos
critérios de negociações com a substituição dos negociadores desacreditados.
Chamar dirigentes de Associações para debater assuntos da
coletividade nem sempre resulta no que se pretende. Com raras exceções, eles
ali se postam para defender conceitos individuais, que não refletem,
necessariamente, a opinião dos seus representados.
O
mais grave nisso tudo é que aqueles que o Banco reconhece como nossos eternos representantes
estão longe de encarnar a figura de defensores legitimados. Já passou da hora de o Patrocinador reconhecer que
os participantes da mesa de negociações perderam o status de representantes dos
aposentados e pensionistas. Suas presenças nessas condições funcionam como
verdadeiros espantalhos aos olhos de quem não esquece as decisões equivocadas,
tomadas por eles em encontros passados. Aqui, leia-se a destinação dos 7,5
bilhões ao Banco; o fim do BET, a Renda Certa imoral; o Termo de Compromisso de
2010, etc. Por isso, se o Banco quer um SIM retumbante, na próxima convocação
que siga o caminho do óbvio: Afaste os cupins que corroeram nossa boa-fé e em
seus lugares coloquem aposentados descompromissados e não veremos mais a cara
do “NÃO”.
Nós,
aposentados e pensionistas, não pedimos benesses. Simplesmente exigimos
respeito ao passado que demos ao Banco que, juntamente com a CASSI, precisa
entender que o voto dos aposentados é entrave e é solução. E se é determinante
que o SIM ganhe a qualquer custo, que o façam digno de ser a opção acertada. Mas
não basta dourar a pílula. Há que a tornar palatável e eficaz.
Marcos Cordeiro de Andrade
80 anos
Aposentado do Banco do Brasil
Associado CASSI desde 15/05/1962
5 comentários:
Caro presidente Marcos Cordeiro,
Parabéns por mais este impecável texto que prima pela robustez dos pontos elencados já que lastreados no bom senso, na racionalidade, na equidade e na justiça das colocações feitas.
E, afinal, se o banco se propuser, com dignidade, a trilhar esse caminho por certo a solução justa e adequada para todos será atingida e irá propiciar uma solução efetiva para esse processo de ordenação e de recuperação financeira da nossa CASSI que, segundo os fatos, apresenta um inaceitável e inexplicável passivo a descoberto que precisa ser equacionado com a máxima urgência.
Ainda mais por se tratar de um fato gerador de insegurança para todos os associados e, em grau bem mais elevado, para aqueles que sofrem a angustiante dor de doenças crônicas, degenerativas e de elevada complexidade e que, assim, necessitam de cuidados e medicação especiais. Ademais, todos sabemos do adágio: "Com saúde não se brinca".
Portanto, que o bom senso ilumine a cabeça dos responsáveis pela adoção de uma solução justa e adequada para esse impasse esdrúxulo e inexplicável.
Atenciosamente,
Norton Seng
07.06.2019
Marcos Cordeiro de Andrade e demais Colegas,
Logo depois do resultado da consulta feita pela CASSI aos associados, fiquei com a mesma pergunta do Colega Marcos Cordeiro: Como fica a mesa de negociação com os representantes dos associados, sendo que muitos deles indicaram o voto sim, este derrotado por normas estatutárias?
Poderia se questionar se os mesmos representantes não estariam impedidos de continuar como tal em face do resultado. A tendência, na verdade, não seria uma ruptura da proposta anterior e sim uma nova maquiagem e aí a novela não tem prazo definido para terminar. Seria esse o desejo do patrocinador?
A comunicação é de fato um problema. Saber ouvir, colocar as vaidades pessoais de lado, ter foco na CASSI, respeitar os colegas que se "atrevem"a opinar, mesmo não sendo da mesa de negociação.
Nas reuniões de coletivos, prévias a minha participação como representante eleito junto à CASSI (1989/1992), incomodava-me - e confesso que até agora tenho dificuldade em entender - quando as diversas correntes dos sindicatos dos bancários apresentavam as suas teses para votação com as defesas pró e contra e ao final, quase que em 100% das vezes, não havia mudança de posição de ninguém e vencia a corrente majoritária.
Penso que passados 30 anos as coisas estejam diferentes, ou seja, mais permeáveis a opiniões ou posições que somam a esta ou aquela tese.
Por que faço essa colocação? Simplesmente porque se as posições forem impermeáveis a mudanças, não chegaremos a acordo, ou seja, sem mudanças substanciais e vence quem tem mais força.
Portanto, reafirmo minha sugestão, a nova consulta ao Corpo Social deve focar na questão financeira para tirar a nossa Entidade da insolvência.
As mudanças estatutárias, caso entendam necessárias, poderão esperar uma discussão mais aprofundada, haverá tempo para isso.
Penso também que as vitórias e as derrotas, em termos das entidades, devam ser comemoradas e não serem objeto de retaliações por estas representarem uma forma mesquinha de relacionamento institucional, empresarial ou individual.
Não podemos achar que a situação atual da nossa CASSI é responsabilidade deste ou daquele, dos ativos ou aposentados e pensionistas, dos dependentes, dos convênios de reciprocidade, das Cassi-Família, das CliniCassi, pois, atribuindo esse fato, criam-se resistências poderosas as quais não são bem vindas neste momento.
Entendam bem, essa posição não quer dizer que não devamos buscar as razões dos desequilíbrios financeiros da CASSI ou a devida responsabilização de seus agentes, apenas, que este não é o agora.
Inteiramente à disposição,
Atenciosamente,
Aloísio Cuginotti - ex funcionário administrativo com posto efetivo junto à CASSI-SP.
Médico aposentado do BB, Diretor Deliberativo Eleito 1989/1992.
Muito bem, Marcos!
Leobardo Souza
Prezado Norton,
O Marcos, como nós, está ficando velho... nossa única vantagem é pela pura sorte de termos nascido alguns anos depois dele... Fora disso ele nos surra de relho...
Com o máximo respeito, avaliei o discurso dele como débil, quase concordino e aparentemente monocórdio com o do SIM... Sei que não é bem isso, mas parece... como se nossos interesses pudessem ser ressalvados apenas com a substituição dos eternos e nem um pouco, há muitos anos, NOSSOS REPRESENTANTES... QUE VÃO EMBORA!!!...Isto já estou exigindo desde o primeiro minuto da proclamação do resultado... mas sabemos que é só parte... indispensável, mas só parte...
O principal é JAMAIS CEDERMOS QUALQUER DIREITO, muito mais aqueles FUNDAMENTAIS, o principal a SOLIDARIEDADE... No mesmo nível a cessão do VOTO DE MINERVA ao banquinho, que logo restará privatizável por desejável pela opinião pública, assim que ocorrerem as vendas, com o consequente impacto na empresa-mãe, pela venda das subsidiárias altamente lucrativas que hoje sustentam o exercício da função social que os banqueiros querem acabar a qualquer preço... Segundo eLLLe$$$ banco é para dar lucro e ponto final... Igualmente a mudança da ponderação entre as CONTRIBUIÇÕES dos associados e do banquinho, que num primeiro momento pretendem igualar, para num próximo, assim que der, diminuir até retirar a contribuição do banquinho completamente... Tem mais, vou vou limitar-me, agora, apenas a essas três...
Admiro e respeito muito ao Marcos, mas desta vez não vou ser seu caudatário.
Muito obrigado pela confiança.
Forte abraço fraternal do
Zilton Tadeu
Caro Marcos. Brilhante colocação. Eu também acho que para nova negociação devem ser substituídos os que até agora se incumbiram do entendimento. Não há negociação quando não há disposição para ceder, isto tem outro nome, é imposição. Mas, aí é que a porca torce o rabo, será que o Banco quer mesmo ceder em algum ponto para resolver o problema da CASSI ? Eu votei SIM, pelas explanações que foram dadas pelo Satoru e pelo vice-presidente da ANABB e pelo receio da intervenção da ANS que será danosa para nós e desmoralizante (o conceito da CASSI e do próprio Banco não ficarão incólumes no mercado). Estou aos poucos, com muito pesar, me convencendo das colocações de que o Banco não demonstra o menor interesse em ceder, parece que quer mesmo é diminuir paulatinamente suas responsabilidades na CASSI, eliminando um passivo que aos olhos daqueles que só enxergam o lucro como função da empresa macula seu balanço. Você colocou muito bem os argumentos, alguns passaram anos administrando a CASSI e têm responsabilidade no estado em que se encontra agora e se vestem com uma capa de "experts" para deitar recomendações e soluções que não souberam aplicar quando lá estavam. Parecem com alguns ex-ministros cuja gestão foi marcada por índices inflacionários pouco ortodoxos e agora escrevem recomendações e conselhos aos que agora estão lá. Parabéns Marcos, eu sugeria logo seu nome para compor a nova equipe de negociação, juntamente com outros cujo passado e presente os qualifiquem como independentes, bem intencionados e realmente interessados na recuperação da CASSI, tirando-a da UTI. FRATERNO ABRAÇO.
PAULO MAURÍCIO.
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