Eleitor incrédulo, em 08 de maio de 2012
Marcos Cordeiro de Andrade
Aviso importante: Poderia ter escrito esse texto hoje, com ligeiras
modificações. Mas o fiz em maio de 2012 como aí está. A reedição serve de preâmbulo
à escolha da atual CHAPA 2 – Mais União (13/07 a 27/07/2020).
Caros colegas,
1962. Há exatos 50 anos entrei na vida da PREVI. No dia 15 de
maio daquele ano, ao tomar posse no Banco do Brasil como concursado tive um dia
cheio de tarefas protocolares a cumprir. Entre a apresentação ao contador,
subgerente à época, e o final do expediente, fui submetido ao juramento à CIC,
saudável e saudoso trote, e assinatura de vários papéis, dois dos quais considero
os mais importantes contratos da minha vida: as propostas de adesão à CASSI e à
PREVI. E mais um terceiro, que até agora somente me serviu para mostrar o
caminho do endividamento – a CAPEC, fonte do Empréstimo Simples.
Desde então encarei eleições sucessivas para escolha de
Dirigentes da PREVI por toda essa metade de século. No início, e até certo
ponto, acompanhando o voto dos veteranos sem muita convicção do que fazia, por
inexperiência e desconhecimento de causa. Depois, mordendo o cabresto, adquiri vontade
própria e passei a votar conscientemente e, posso dizer, sem desperdiçar
nenhuma escolha.
Mas veio o tempo de mudanças em que votar deixou de ser
sinônimo de vontade para se transformar em necessidade. E aí o bicho pegou. Foi
a partir de quando a ganância se apossou das duas partes envolvidas nessas
eleições. E até hoje tanto votado como votantes engalfinham-se na luta pelo
poder. De um lado, o objeto foi dominado pela voraz fome de divisas do
Patrocinador. Do outro, a gana com que os eletivos se digladiam na busca do
voto – e de empregos - torna a disputa num ato nojento.
Muito se diz que os Eleitos da PREVI não têm poder de mando,
nada decidem e, consequentemente, nada fazem. A desculpa é que foi abolida a
figura do corpo social, alijado da necessidade de ser consultado para aprovação
– ou negação – de mudanças vitais. Somado a isso nos empurram o voto de
qualidade como justificativa para a subserviência condenável.
Validado ou não, esse nhém, nhém, nhém constante soa como
choro de criança birrenta que não quer fazer o dever de casa. Mesmo impedidos
de peitar os seus patrões os eleitos não são forçados a permanecer no cargo.
Nem têm mordaças impostas à força. Todavia, com essas desculpas se apegam aos
cargos como rêmoras comensais trocando convenientes gentilezas, e como vacas de
presépio permanecem a concordar com tudo. Nisso justificando assertivas: eu te
limpo o dorso e me dás comida; mantenho-me calado e garanto meu gordo salário
extra. E assim nada fazem. E não gritam. Nem sussurram sequer. Nem ao menos
movem uma palha, pois se para o amo está bom assim, para eles melhor ainda com a
garantia de um fim de velhice tranquila, de burra cheia, à custa dos “seus
eleitores”.
No momento estamos no olho do furacão de mais uma eleição, pródiga
de chapas concorrentes a nos atormentar o sossego. No saudoso ano de 1962
comecei a jornada com chapas únicas, apresentadas pelo bom senso, depois
duplas, para contemplar escolhas. E foram aumentando em número pela necessidade
de satisfazer políticas e politicagens. Hoje já são seis (*) na disputa. Também
para nada fazer, será?
Provavelmente sim, respondo, pois as pífias plataformas
apresentadas seguem sempre a mesma linha. Só se vê promessas. Promessas e mais
promessas antecedidas da condicional SE. Se eu for eleito farei isso e aquilo.
Se nossa chapa vencer, faremos mudanças. Se continuarmos mandando a coisa vai
melhorar. Se entrarmos, limparemos a casa. E tudo será maravilhoso.
Assim sendo, votem todos com a certeza de que lhes darão o
bem bom. E que continuarão sendo ludibriados pelos que elegerem. Pois a
experiência nos diz que eles seguirão a mesma postura de serviçais que entram
magricelas na casa do patrão e saem pançudos, bem nutridos da mesa farta depois
de cumprir as tarefas corriqueiras e simples – manter a mansão em ordem e polir
a prataria e os cristais com o uso diário das mordomias alimentadas. Mas sem
tirar nada do lugar porque o patrão é cioso conservador e não permite mudanças.
Mas entrem, cumpram direitinho o seu mandato que, ao sair, terão estendido à
porta o tapete vermelho das sinecuras ofertadas pelo bom comportamento – por
não terem bulido nos mimos do patrão. Deixando a casa pronta para receber os
magricelas da hora que virão ser cevados no chiqueiro de luxo.
Mas desta feita o meu voto não terá. A não ser que alguém
mude o discurso. Para fazer jus à minha escolha será preciso algo mais que
simples promessas - quero certezas. E não exijo muito. Basta que uma meia dúzia
de seis se una e mostre coragem de gritar. De cobrar. De exigir. De ser capaz
de me convencer que, de fato, podem e querem fazer. E que farão.
É suficiente que se perfilem em manifesto contundente
exigindo, já agora, postura comportamental independente dos que saem.
Digam-lhes o que querem que façam ainda nos cargos ocupados porque há tempo. Disponham o rosário de necessidades prementes
a ser amparadas e que são muitas. Mas podem começar com as mais elementares: a
resolução do endividamento opressivo dos aposentados e pensionistas; o
realinhamento do Plano Um; a reforma do estatuto; a troca do índice de reajuste
para um mais condizente com a realidade inflacionária; a reposição das perdas
dos benefícios; o enquadramento da CARIM com tratamento humano aos seus
mutuários; a uniformidade de tratamento aos assistidos; a elevação do
percentual do benefício das pensionistas; atendimento justo aos Pedevistas e
outros aviltados; a reparação isonômica da destinação do “renda certa”; o
atendimento aos pleitos judiciais, etc. etc. e etc.
Se essa declaração conjunta vier de qualquer das chapas
oposicionistas terá o meu voto. E, com absoluta certeza, dos milhares de
insatisfeitos com o que hoje existe o que, obviamente, lhe dará a vitória. Mas
há uma condição. Que no rodapé do manifesto conste o compromisso de que, se até
a metade do mandato as promessas de campanha não forem cumpridas todos
renunciarão aos cargos, juntamente com seus suplentes para proporcionar novas
eleições que lhes dê substitutos honrados, como não conseguiram ser.
Assim, darei nome à chapa a merecer o meu envelhecido e
exigente voto. Caso contrário, esqueçam, pois, como se diz na minha terra, quem
quiser ser grande sem trabalhar que nasça em paul.
*(agora apenas duas, novamente).
Curitiba (PR), 08 de
maio de 2012
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Marcos Cordeiro de
Andrade –
Associado PREVI desde
15/05/62
Um comentário:
Votei. Mas, creio que tudo na PREVI continuará seguindo a mesma tendência, seja qual for a chapa vencedora.
Edgardo Amorim Rego
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