Você sabe o que é despautério?
Marcos Cordeiro de
Andrade
Curitiba (PR), 23 de
novembro de 2020.
Entre outras situações, é quando o empregado ganha mais que o
patrão, como no caso da relação PREVI/associados reconhecida abertamente no bojo
da declaração: “É o olhar dos associados, como donos, que direciona a Previ”.
Isso, com todas as letras, é o reconhecimento de que, sem sombra de dúvidas nós
somos os donos do fundo e os seus gestores são nossos empregados.
Em razão disso não encontro vocábulo mais apropriado para
enquadrar a remuneração dos dirigentes da PREVI como sendo um despautério, haja
vista que, enquanto os benefícios distribuídos aos assistidos beiram o
imponderável, os administradores são aquinhoados com verdadeiras fortunas mensais
comparativamente com aqueles. Aqui é bom lembrar que não basta levantar
suspeitas sem a comprovação pertinente. Quanto a isso, o quadro disponibilizado
no site da Previ, nas Notas Explicativas do Relatório Anual de 2019, oferece o
conhecimento pleno da situação (cujos valores envolvidos deixo de publicar por
questões de ética). Mas, está tudo lá, legalmente enquadrado e, como recomenda
o estudioso colega Genésio Guimarães (Genésio Francisco Guimarães, auto patrocinado do PB1 da
Previ, desde 01/08/1995), é só ter boa vontade para acessar a página 170 do documento, encimada
pela explicação:
“Além das transações com o patrocinador, apresentamos
abaixo a remuneração mensal atribuída ao Pessoal Chave da Administração, a
faixa de remuneração dos funcionários cedidos pelo Patrocinador, bem como
demais transações com funcionários, Conselhos, Diretoria Executiva e Comitê de
Auditoria que também são considerados partes relacionadas”.
Cá entre nós, uma vez conhecidos os parâmetros é hora de
buscar o equilíbrio entre os ganhos, porém sem pensar em promover a caça às
bruxas – até porque elas não existem nesse envolvimento. Os comensais do
momento já encontraram a mesa posta e, famintos ou não, lhes restou encher a
pança agradecendo os votos que os levaram até a bonança existente.
Todavia, não é novidade que as duas partes são responsáveis
pela posição do fiel da balança que se pretende utilizar. Se por um lado não é
possível reduzir salários, faça-se com que aqueles que os têm maior socorram de
moto próprio os desvalidos à sua sombra. Assim como a situação presente foi
alcançada com o esforço de dirigentes anteriores por meio de mudanças
regulamentares, e está bem assim para os ungidos de hoje, que eles se unam no
sentido de diminuir a gritante distância remuneratória que há entre seus
salários e os benefícios aviltantes que o Fundo distribui aos assistidos. Com
relação a estes, precisam fazer uso do voto com disciplina e propriedade em
eleições futuras, e exijam dos eleitos o compromisso de trabalhar em benefício
dos participantes do Fundo, o que, está visto, não o fazem hoje. Isso se aplica
em relação aos que já portam os talheres, e aos futuros candidatos cujas
barrigas roncam de inveja.
Por ora, para chegarmos mais perto do merecido, um bom começo
a se operar será trazer de volta o índice inflacionário de reajuste dos
benefícios - anterior ao que aí está - com reposição da diferença computada.
Obviamente, somente falta vontade política para o alcance da medida.
Positivamente, que os dirigentes do Fundo sejam bem remunerados
não se discute. Porém é constrangedor e revoltante o conhecimento que nos chega
quanto aos valores envolvidos, consistindo em mais uma discriminação imputada
aos assistidos idosos e demais participantes (etarismo).
Curitiba (PR), 23 de
novembro de 2020.
Marcos Cordeiro de
Andrade
- 81 anos –
Aposentado do
Banco do Brasil
Matrícula nº
6.808.340-8
Associado PREVI
desde 15/05/1962
Presidente da
AAPPREVI
www.aapprevi.com.br